DISPUTAS DE SENTIDO NA EDUCAÇÃO PÚBLICA: DISCURSO, PODER E RESISTÊNCIA
Palabras clave:
Formação de professores. Discurso. Reação. Resistência.Resumen
A presente pesquisa, vinculada ao Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal da Fronteira Sul, investiga os efeitos subjetivos dos discursos proferidos por autoridades públicas durante a greve dos professores da rede estadual de Santa Catarina, no ano de 2024. Em um cenário político marcado pela polarização ideológica, pelo avanço de reformas neoliberais e pela consolidação de discursos reacionários, o trabalho docente tem sido atravessado por mecanismos simbólicos de deslegitimação e silenciamento. O objeto de estudo centra-se na análise dos discursos divulgados em redes sociais e meios de comunicação por agentes do alto escalão do governo catarinense, especialmente o governador e o secretário da educação, buscando compreender como essas manifestações produzem sofrimento psíquico, isolamento e desmobilização entre os docentes. A pesquisa tem como objetivos: identificar os principais elementos discursivos presentes nas falas dessas autoridades durante o período da greve; compreender os efeitos subjetivos desses discursos sobre os professores; e analisar a trajetória do sindicato docente em Santa Catarina como forma de resistência frente a essas narrativas. A metodologia adotada é de natureza qualitativa, com abordagem documental e análise política do discurso, conforme proposta de Sebastián Plá, articulada à perspectiva fenomenológico-hermenêutica. O corpus da pesquisa é composto por vídeos, entrevistas, pronunciamentos oficiais, postagens em redes sociais e documentos do sindicato docente. A fundamentação teórica ancora-se em autores que discutem os impactos subjetivos do neoliberalismo e da cultura digital, como Christian Dunker (2021) e Byung-Chul Han (2018), e na análise do discurso reacionário e sua atuação política, com base em Fernando Penna e Renata Aquino (2024). Destaca-se também a contribuição de João Cezar de Castro Rocha, com sua análise da guerra cultural e da retórica do ódio, a qual se mostra fundamental para compreender os mecanismos simbólicos utilizados para desmobilizar a classe docente, promover o medo e transformar os professores em alvos de ataques ideológicos e políticos. A pesquisa não envolve a participação direta de seres humanos nem coleta de dados sensíveis, baseando-se exclusivamente em fontes públicas, conforme dispõe a Resolução nº 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde. Por fim, pretende-se que esta investigação contribua para a compreensão crítica dos efeitos dos discursos de autoridades sobre o fazer docente, iluminando as formas simbólicas de violência e resistência presentes na contemporaneidade educacional.