DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO E PERFIL DOS CONCLUINTES:A IMPORTÂNCIA DAS POLÍTICAS AFIRMATIVAS NA TRAJETÓRIA DOS CONCLUINTES DO ENSINO SUPERIOR DA UFFS
Keywords:
Políticas Educacionais, Ensino Superior; Ações afirmativas; UFFS; concluintes do Ensino Superior.Abstract
Este trabalho é fruto da minha trajetória educacional e dos conhecimentos que venho construindo no percurso do mestrado. Escolhi este tema porque acredito ser fundamental revisitar e aprimorar constantemente as políticas públicas voltadas à educação, especialmente as que dizem respeito ao acesso e à permanência no ensino superior. Entendo que apenas com políticas eficazes é possível oferecer reais condições de crescimento pessoal e ascensão social aos indivíduos que historicamente tiveram negado o direito de chegar e permanecer na universidade. A pesquisa busca analisar o perfil sociodemográfico dos concluintes da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), relacionando essas informações às políticas de ação afirmativa e de permanência implementadas desde a criação da instituição. A questão central que orienta esta investigação é se essas políticas têm sido capazes não apenas de abrir portas para o ingresso, mas também de garantir que estudantes de baixa renda, negros, indígenas, pessoas com deficiência e oriundos de escolas públicas consigam concluir seus cursos de graduação. A pesquisa caracteriza-se como documental, com abordagem quanti-qualitativa, utilizando-se de dados secundários fornecidos pela própria universidade, referente a todos os que ingressaram na UFFS nos últimos nove anos e concluíram curso de graduação. O estudo tem caráter descritivo e comparativo, permitindo observar padrões e diferenças entre campi, formas de ingresso e modalidades de reserva de vagas. Apoio-me teoricamente em autores que discutem a democratização do ensino superior e as desigualdades sociais que marcam esse campo. Destaco a pedagogia histórico-crítica de Dermeval Saviani (2011), que problematiza a relação entre ponto de partida e ponto de chegada no processo educativo; as análises de Heleieth Saffioti (2015), que evidenciam questões de gênero na educação; os estudos de Nierotka (2015, 2021) e Feres Júnior (2018), que investigam a trajetória das políticas de ações afirmativas e seus impactos na inclusão universitária; Marteleto (2012), ao discutir a relação entre desigualdade educacional e mobilidade social; e Venturini (2020), que contribui para a compreensão das políticas de acesso e permanência em contextos de vulnerabilidade social. Os resultados indicam avanços importantes nas oportunidades de ingresso proporcionadas pelas políticas afirmativas da UFFS, mas revelam que a permanência e a conclusão ainda enfrentam obstáculos significativos, mostrando que acesso não significa, necessariamente, equidade. Ao trazer à tona o perfil dos concluintes, este trabalho contribui para a reflexão e avaliação das políticas educacionais em vigor e reforça a urgência de estratégias mais robustas e permanentes, capazes de transformar a universidade em um espaço verdadeiramente inclusivo, onde um ponto de partida desigual não determine os limites de chegada de nenhum estudante.