MIGRAÇÃO VENEZUELANA NO OESTE CATARINENSE: 

UM PANORAMA A PARTIR DOS REGISTROS ADMINISTRATIVOS

Autores

  • Andréia Richthyelly dos Santos Corassa Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Vicente Neves da Silva Ribeiro

Palavras-chave:

Imigração venezuelana; Migrantes; Venezuela.

Resumo

O Brasil, historicamente marcado por ondas migratórias, recebeu nas últimas décadas
um novo fluxo expressivo: os venezuelanos, impulsionados pela crise política e econômica da
Venezuela desde meados de 2010. A partir de 2017, esse movimento intensificou-se, levando
milhares a buscar refúgio no Brasil, especialmente em regiões fronteiriças e, posteriormente,
em outras áreas. O Oeste Catarinense destaca-se como região de análise, pois, apesar de não
ser rota tradicional, tem atraído venezuelanos pelas oportunidades econômicas, sobretudo nos
frigoríficos locais. Esta pesquisa analisa quantitativamente, com base em registros
administrativos, a migração venezuelana na região, ressaltando a importância da transparência
e do uso científico desses dados. Utilizando fontes como Cadastro Único (CadÚnico),
Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e Censo Escolar, busca-se compreender a
dinâmica migratória, suas especificidades regionais, desafios e oportunidades.
A pesquisa visa mapear a distribuição geográfica, perfil sociodemográfico e inserção
econômica dos venezuelanos no Oeste Catarinense, identificando fatores de atração e
analisando os impactos desse fluxo no desenvolvimento regional. Adotou-se abordagem
quantitativa a partir de três eixos: inserção laboral, acesso à educação e participação em
programas sociais. As bases RAIS, Censo Escolar e CadÚnico foram complementadas por
dados da Operação Acolhida e do Ministério do Desenvolvimento Social. A análise cruzou
indicadores econômicos e sociais, permitindo identificar padrões.
A chegada de venezuelanos a Santa Catarina ocorre sobretudo via Operação Acolhida,
são de uso público os dados do início da operação em 2018 até 2024. Só neste ano de 2024, o
estado recebeu 5.608 imigrantes, o maior número entre os estados. Dados da RAIS (2022)
revelam 42.756 trabalhadores venezuelanos registrados, número que acompanha a
interiorização e confirma a importância da inserção econômica, sobretudo em setores como os
frigoríficos, que absorvem grande contingente de mão de obra.
O Censo Escolar mostra a rápida fixação de famílias: em Chapecó, não havia registros
de estudantes venezuelanos em 2016; em 2023, já eram 3.133. No estado, os números não
passaram de 43 matrículas em 2016 para 16.130 em 2023. (CENSO ESCOLAR, 2016;
CENSO ESCOLAR, 2023). Esse padrão repete-se em várias cidades do Oeste Catarinense,
confirmando a região como polo de atração migratória. O CadÚnico também confirma a tendência: em 2012 havia 823 imigrantes cadastrados em Santa Catarina; em 2019, 10.189; e
em 2022, 42.756. Esses dados mostram não só o aumento expressivo, mas também a
vulnerabilidade social de parte significativa dessa população.(CADÚNICO 2012;
CADÚNICO, 2019; CADÚNICO, 2022)
De forma integrada, os dados da Operação Acolhida, RAIS, Censo Escolar e
CadÚnico demonstram expansão consistente e interligada da presença venezuelana em Santa
Catarina. Inicialmente atraídos pela interiorização, os imigrantes encontram oportunidades de
trabalho, fixam-se com suas famílias e acessam programas sociais, o que revela tanto desafios
quanto potencial de integração. A migração venezuelana em Santa Catarina, especialmente no
Oeste, revela-se um processo contínuo de assentamento e integração social. A interiorização,
articulada ao mercado de trabalho local, foi determinante para a atração. O crescimento das
matrículas escolares e registros em programas sociais indica a formação de núcleos familiares.
Assim, compreender essas dinâmicas é essencial para orientar políticas públicas e
comunitárias que garantam acolhimento e integração, fortalecendo o desenvolvimento
econômico e social da região.

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Publicado

26-09-2025