A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA COMO PRINCÍPIO PARA A INTEGRAÇÃO DE IMIGRANTES

Autores

  • Eliane de Fatima Massaroli Metzler Gomes

Palavras-chave:

imigrantes, uffs, integração

Resumo

As fronteiras, sejam elas espaciais, teóricas, curriculares, sociais, históricas, políticas, entre outras, são fundamentais e influenciam nas experiências de ser e estar no mundo. Embora não haja um único autor que defina essa afirmação de forma literal, a ideia de que essas fronteiras influenciam nessas experiências de "ser e estar no mundo" reflete a concepção foucaultiana de que as estruturas de poder e conhecimento determinam como os indivíduos se percebem e agem no mundo. Estas, muitas vezes invisíveis, mas moldam as percepções, ações e identidades. No que se refere às fronteiras políticas, observa-se o aumento do número de alunos imigrantes nas universidades brasileiras, que dentre vários fatores, tem a ver com a globalização, o potencial da economia do país, as políticas de acolhimento, oportunidades econômicas, possibilidade de bolsas e apoio para estudantes estrangeiros, dentre outros. O Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra), em parceria com o Ministério da Justiça e Segurança Pública e a Universidade de Brasília (UnB), é a principal fonte de dados sobre o aumento de imigrantes nas universidades brasileiras. Por consequência, esta migração apresenta desafios não somente para quem formula e implementa as políticas públicas migratórias, mas também aos diversos atores sociais e instituições na acolhida de imigrantes. Dentre as instituições, podemos destacar as universidades brasileiras, que desempenham papel importante nesta acolhida e na experiência de ser e estar no mundo para os imigrantes. As universidades estão ancoradas sobre os pilares do ensino, da pesquisa e da extensão, os quais, de forma indissociável, são responsáveis pela formação dos estudantes. Embora, historicamente, as universidades tenham sido criadas com a finalidade de atender as elites, com as mudanças nas condições e contexto histórico-social, tiveram que se adaptar, havendo profundas transformações em seu papel, função e atuação junto à sociedade. Neste cenário, no ano de 2009, foi oficializada a criação da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), que desde seu primeiro processo seletivo, favoreceu o ingresso de alunos oriundos de escolas públicas. Atualmente, reserva em torno de 90% das vagas na graduação para estudantes que cursaram o ensino médio exclusivamente em escola pública. Além disso, em 2019, por meio da Pró-Reitoria de Graduação, institucionalizou um programa de acesso e permanência a estudantes imigrantes (Pró-imigrantes), que visa fortalecer as condições de acesso, permanência e êxito nas atividades acadêmicas dos estudantes imigrantes da Instituição. Voltando ao pilares da universidade, pode-se dizer que a extensão universitária também ocupa lugar de destaque quando se discute o papel social de uma Instituição de Ensino Superior. A extensão universitária é muito mais do que uma simples atividade extracurricular; ela é um compromisso fundamental das instituições de ensino superior com a sua comunidade regional. A extensão visa estender os conhecimentos e recursos produzidos dentro das universidades para além de seus muros, beneficiando diretamente a sociedade, e isso é uma mão de via dupla, ou seja, os conhecimentos tradicionais da comunidade também adentram às portas da universidade. Freire entende a extensão como “ação cultural”, o contrário da “invasão cultural”. Neste sentido, programas e projetos de extensão têm o poder de potencializar a integração, capacitação, além de oferecer suporte para maior autonomia do imigrante e condições para participar plenamente da sociedade no novo país. Nesta pesquisa temos como premissa investigar a atuação da extensão universitária em seu papel de facilitar o acolhimento, a adaptação e a integração dos estudantes imigrantes da UFFS, utilizando-se da pesquisa exploratória, numa abordagem inicialmente quantitativa, prevalecendo a qualitativa, criando diálogos e dando voz aos imigrantes, estudantes da UFFS. Michel Foucault e Paulo Freire analisam a educação como um espaço de poder e resistência, onde é possível promover a emancipação atravéz do diálogo e da libertação.

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Publicado

26-09-2025