Um Corpo-professor artista:
Práticas profanas
Resumo
A pesquisa nasce da reflexão sobre as marcas que o sistema neoliberal deixa nos corpos que
visa instrumentalizar, especialmente pensando sobre a formação do corpo-professor. Para além
disso, se busca perguntar quais são as possibilidades de humanização através da prática
docente, tendo como ponto de partida o tensionamento do conceito de profanação (Agamben,
2007) como parte do fazer pedagógico do professor-artista (Capra; Loponte, 2016) e do
contraeducador. Objetiva-se investigar o que significa assumir uma postura ética e estética na
docência. Metodologicamente a pesquisa se estrutura pela análise crítica do fenômeno
educativo (PLÁ, 2022). Picoli e Guilherme (2021) identificam que o sistema neoliberal busca
atingir todas as esferas da vida, se apresentando também como uma forma de ser, agir e
pensar. Nessa perspectiva, o corpo passa a ser neutralizado e funcionalizado. Esse processo de
descaracterização de individualidades é sintomático de um sistema que instrumentaliza a
educação como engrenagem de uma máquina, transformando-a em um modelo educacional
modelador (GUR-ZE’EV, 2002; PICOLI, 2021), impedindo que nossa subjetividade se
estabeleça na criação de relações significativas no contato com o outro e o mundo. A pesquisa
se estrutura a partir da obra performática DNA de Dan, do artista Maikon K., servindo como
metáfora para se pensar a presença, os processos instrumentalizadores e as diferentes
possibilidades de existência. A imagem do artista se aproxima da imagem do professor na reivindicação de seu próprio corpo como forma de resistir através da prática educativa
(BIESTA, 2021), qualificando relações no compartilhamento do mundo.