PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NA UFFS: TRAJETÓRIAS DE ACESSO E EMANCIPAÇÃO
Palavras-chave:
UFFS, Concluintes do Ensino Superior , Assistência EstudantilResumo
A Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) nasceu com a proposta de ampliar o acesso ao ensino superior público em regiões que historicamente ficaram à margem desse direito. A UFFS surgiu a partir da pressão e da participação ativa de movimentos sociais junto ao Estado, e traz desde então a marca do compromisso com inclusão e equidade, com um perfil formado por jovens e adultos que buscam na educação uma chance de transformação.
Neste estudo, buscamos trazer um recorte de uma dissertação em andamento cujo objeto de análise são os estudantes que concluíram a graduação na UFFS. O objetivo é descrever o perfil sociodemográfico dos concluintes dos cursos de graduação da UFFS e a relação desse perfil com a política de assistência estudantil. Partimos de um universo de 24.743 estudantes que ingressaram na universidade entre 2010 e 2019. Destes, o foco recai sobre os 7.888 que concluíram a graduação até o primeiro semestre de 2025, o que representa pouco mais de um terço do total.
O estudo é de natureza documental, com abordagem quanti-qualitativa, e utiliza dados secundários disponibilizados pela própria UFFS. Para orientar a análise, foi utilizada a proposta de análise de conteúdo de Bardin (2011), aplicada aos documentos legais, normativos e institucionais que tratam das políticas de acesso e permanência na universidade. A metodologia adota uma matriz quanti-qualitativa, que cruza os dados sobre o perfil sociodemográfico dos concluintes com a leitura interpretativa desses textos.
O estudo também dialoga com autores como Silvério (2002); e Gomes, (2017) que reforça a compreensão de que as ações afirmativas não devem ser vistas como concessões ou privilégios, mas como estratégias políticas e pedagógicas que visam à correção de desigualdades históricas e à promoção de justiça social no campo educacional. Ao compreender as ações afirmativas como um conjunto de políticas voltadas a corrigir desigualdades históricas e garantir oportunidades reais a grupos minorizados. A análise ainda se apoia nas reflexões de Saviani (2008) de que a educação é um ato de produção do humano no homem, e se o homem só se produz como humano no interior de relações sociais concretas, a educação não pode ser vista como algo isolado, mas como parte do processo histórico de luta de classes. É nesse sentido que as ações educativas só podem ser entendidas em sua relação com os interesses sociais em disputa. Educar, portanto, é também tomar partido: entre a reprodução da ordem vigente ou a construção de novas possibilidades de emancipação humana.
Os resultados obtidos até o momento mostram que a maioria dos concluintes na UFFS é composta por mulheres, autodeclaradas brancas, egressas de escolas públicas e ingressantes pelo ENEM. Esse recorte revela tanto a ampliação de oportunidades quanto os desafios que ainda persistem na busca por uma universidade mais diversa. Outra análise que se destaca como essencial é o papel da assistência estudantil: mais da metade dos concluintes, ou seja, 4.555 egressos (58%) receberam algum tipo de auxílio durante a graduação. Esse dado reforça o quanto essas políticas são essenciais para garantir que o ingresso se transforme em permanência, e possibilite o desfecho da conclusão de um curso superior. Ao observar o período de 2010 a 2019, é possível perceber mudanças graduais no perfil dos estudantes e na forma como as políticas institucionais se articulam. A UFFS, ao longo de sua trajetória, vem se afirmando como um espaço de inclusão e transformação social. Por isso, mais do que apresentar números, esta pesquisa busca compreender histórias e trajetórias que revelam o papel da universidade pública na democratização do ensino superior e na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
