DIVERSIDADE, ESCUTA E TRANSFORMAÇÃO NO ESPAÇO ACADÊMICO

Autores

  • Sheila Florczak Almeida Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Elenice Scheid Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Luís Carlos Rossato Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Marcivaldo Cardoso Lopes Universidade Federal da Fronteira Sul

Palavras-chave:

direitos humanos, diversidade, inclusão, preconceito, interseccionalidade

Resumo

O projeto de extensão UFFS Sem Preconceitos, desenvolvido junto ao Setor de Assuntos Estudantis (SAE) da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Cerro Largo, tem como objetivo promover a conscientização e o enfrentamento das diversas formas de preconceito que atravessam a universidade e a sociedade. As ações do projeto abordam, de forma interseccional, questões étnico-raciais, de gênero, orientação sexual, classe social e deficiência, buscando fortalecer uma cultura institucional inclusiva, plural e antidiscriminatória. A fundamentação teórica do projeto apoia-se no conceito de interseccionalidade, formulado por Kimberlé Crenshaw (1989), que evidencia como diferentes sistemas de opressão, relacionados à raça, gênero, classe, sexualidade e deficiência, se entrecruzam e produzem desigualdades específicas. Essa perspectiva tem orientado o planejamento e a execução das ações do projeto, ao mesmo tempo em que oferece base conceitual para compreender a diversidade de experiências no ambiente acadêmico. No início da execução do projeto, percebeu-se a necessidade de compreender mais profundamente as percepções, vivências e discursos sobre preconceito e diversidade no campus. Assim, decidiu-se realizar um diagnóstico ampliado e sistematizado, transformando-o em uma pesquisa científica de base qualitativa, que servirá de referência teórica e metodológica para o planejamento das ações futuras. O instrumento central da pesquisa é um questionário digital, construído de modo a captar percepções e experiências relacionadas ao preconceito no cotidiano universitário. A análise dos dados será realizada por meio da Análise do Discurso, buscando identificar as temáticas, sensibilidades e conceitos que emergem do conjunto de respostas. Essa abordagem permitirá compreender não apenas os relatos objetivos, mas também as estruturas simbólicas e culturais que sustentam determinadas formas de preconceito e exclusão, bem como as potencialidades de transformação presentes nas falas da comunidade acadêmica. Ambiciona-se, com isso, construir um retrato interpretativo do campus que contribua para o planejamento de ações educativas e políticas institucionais de longo prazo, voltadas à equidade e aos direitos humanos. Além do componente investigativo, o projeto desenvolve ações extensionistas e educativas, como rodas de conversa, campanhas de sensibilização, atividades culturais e espaços de escuta, que se articulam com atividades de ensino, pesquisa e extensão existentes no campus. Tais ações buscam fortalecer o respeito à diversidade, acolher pessoas em situação de vulnerabilidade econômica, social, emocional ou relacionada a condições de deficiência, e incentivar o protagonismo estudantil na promoção de uma convivência democrática e solidária. O UFFS Sem Preconceitos atua de forma integrada a outras iniciativas do campus e da instituição, especialmente as ligadas à Política de Assistência Estudantil e às ações do SAE, somando esforços em prol de uma universidade mais justa e acolhedora. Ao reunir estudantes, servidores e membros da comunidade externa, o projeto contribui para a construção de um ambiente universitário comprometido com os princípios da educação pública, inclusiva e transformadora. A longo prazo, pretende-se que o projeto consolide uma metodologia contínua de escuta e diagnóstico participativo, que subsidie novas práticas institucionais de promoção da diversidade, prevenção ao preconceito e fortalecimento da permanência estudantil. Desse modo, o UFFS Sem Preconceitos reafirma o compromisso institucional da UFFS com uma formação cidadã e crítica, fundamentada no respeito às diferenças e na defesa intransigente dos direitos humanos.

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Publicado

28-11-2025

Edição

Seção

Permanência estudantil, diversidade e ações afirmativas: estudantes com deficiência; pais e mães; imigrantes; indígenas; LGBTQIAP+