AÇÕES DE PERMANÊNCIA MATERNA NO ENSINO SUPERIOR: UM RETRATO COMPARATIVO ENTRE AS MELHORES UNIVERSIDADES FEDERAIS DO BRASIL

Autores

Palavras-chave:

Permanência estudantil, Políticas de assistência estudantil, Permanência Materna

Resumo

A desigualdade de gênero manifesta-se no meio acadêmico: 69,1% dos estudantes que apontam a parentalidade como dificuldade são mulheres, e 59% das pesquisadoras veem a maternidade como fator negativo (ANDIFES, 2019; Machado et al., 2019). Nas Instituições Federais de Ensino Superior, um em cada dez estudantes é pai ou mãe, sendo a maioria mulheres solteiras (68,5%) que vivem com os filhos (92,7%) (ANDIFES, 2019). Esse cenário evidencia a necessidade de políticas que garantam a permanência e a equidade para mães universitárias. O objetivo desta pesquisa foi analisar as práticas de assistência a mães estudantes das 25 melhores universidades federais (UFs) do Brasil. A reformulação PNAES, transformando-o em política de Estado e incluindo o Programa de Permanência Parental na Educação (Propepe), representa um avanço ao prever espaços de acolhimento e atividades pedagógicas para filhos de estudantes (BRASIL, 2024). Outras legislações, como a Lei nº 6.202/1975 e a Lei nº 14.925/2024, ampliam direitos de gestantes e mães, mas as ações de apoio à parentalidade estudantil permanecem incipientes. A pesquisa, de abordagem quali-quantitativa e caráter descritivo, analisou documentos nos websites das 25 melhores UFs, conforme o Webometrics Ranking of World Universities (BRASIL, 2025), levantando informações sobre ações de infraestrutura, auxílios financeiros, medidas acadêmicas e ações afirmativas voltadas à permanência materna. A coleta ocorreu entre 29/09 e 19/10/2025. Os resultados evidenciam um cenário heterogêneo entre as UFs. O Auxílio Creche varia amplamente, de R$ 120,00 (UNIFESP) a R$ 771,00 (UFSC), com média entre R$ 300,00 e R$ 500,00. Em relação à Moradia Estudantil, prevalece a proibição da presença de crianças (casos de UFMG, UFRGS, UFF, UFAL e UFAM), embora algumas instituições apresentem alternativas, como a Bolsa Moradia Mãe/Pai da UFSCar (R$ 600,00), o Auxílio Permanência para Moradia Externa da UFF e a flexibilização da UnB, que permite a permanência de gestantes até o parto.A Creche Institucional é comum, mas, na maioria das universidades, atende à comunidade externa, outras destinam parte das vagas aos estudantes (UnB, 30%; UFSCar, 25%; UFPE, 50%). O RU para filhos é outra prática recorrente, com gratuidade ou isenção para crianças de até 6 ou 7 anos, e em alguns casos até 12. No campo da infraestrutura, destacam-se espaços de acolhimento como a Casa Acolhe (UFRGS), o Espaço Erê (UNIFESP), a Cuidoteca (UFF) e a Toca da Mama (UFPA). A UFMG prevê cinco Salas de Cuidados Parentais até 2025. Em relação aos Fraldários, a UnB se destaca com 41 unidades, e a UFSC determina que cada centro de ensino possua fraldários em banheiros masculinos e femininos, política também observada na UFMS. Para o Regime de Exercícios Domiciliares destaque para o prazo de seis meses na UFRJ, UFSM, UFPA e UFBA. Para pais estudantes, é exceção, previsto na UFPB, UFLA e UFMS. Na pós-graduação, a licença-maternidade costuma ser de 180 dias e a paternidade, entre 20 e 30 dias, com destaque para a UFSCar (prorrogação de 120 dias). Entre as ações afirmativas, a UnB e a UFRN têm editais específicos para mães pesquisadoras; a UFC prioriza bolsas no PPGFILO; a UFES oferece pontuação extra em seleções; e a UFABC garante prioridade em matrículas para mães. Projetos de extensão, como Mães na Universidade (UFRJ), Yabás e Erês (UNIFESP) e ProAma (UFPE), reforçam o acolhimento parental. Destacam-se a UFSC, com sua Política Institucional de Permanência para Estudantes Mães, e a UnB, com a Política Materna e Parental. Apesar dos avanços, persistem lacunas em infraestrutura, moradia e ações afirmativas exigindo políticas mais integradas e uniformes entre as universidades federais brasileiras.

Biografia do Autor

  • Luana Morais de Aguiar, Universidade Federal de Santa Catarina

    Mestranda em Administração Universitária pela Universidade Federal de Santa Catarina. Especialista em Gestão Estratégica em Gestão de Pessoas (2020). Graduada em Administração Pública pela Universidade do Estado de Santa Catarina (2013). Atualmente é servidora técnico-administrativa ocupante do cargo de assistente em administração na Universidade Federal de Santa Catarina. Mãe do Noam e da Moana

  • Kelly Cristina Benetti Tonani Tosta, Universidade Federal da Fronteira Sul

    Professora Associada da Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS. Doutorado (2012) em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina. Mestrado (2008) e Graduação (2005) em Administração também pela Universidade Federal de Santa Catarina. Tem experiência profissional na área de gestão de pessoas, tendo atuado como Diretora de Gestão de Pessoas da UFFS em 2010/2011 e também atuou como Chefe de Gabinete de 2011-2016. Atua como Professora do Mestrado Profissional em Administração Pública - PROFIAP e, em convênio, como Professora do Programa de Pós-Graduação em Administração Universitária da Universidade Federal de Santa Catarina. Pesquisa principalmente os seguintes temas Administração Universitária, Gestão de Pessoas, Gestão de Competências, Gestão da Inovação e Educação a Distância. Mãe da Alice, do Bento e do Lucas. 

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Publicado

28-11-2025

Edição

Seção

Permanência estudantil, diversidade e ações afirmativas: estudantes com deficiência; pais e mães; imigrantes; indígenas; LGBTQIAP+