A PRESENÇA INDÍGENA NA UFFS

CAMINHOS E DIÁLOGOS DO COLETIVO DE ESTUDANTES INDÍGENAS PARA UMA POLÍTICA DE PERMANÊNCIA

  • Rayana da Silva Freire
  • Alex Fortes Mendes
  • Dulce do Carmo Franceschini
Palavras-chave: Povos Indígenas; Educação Superior; Ações Afirmativas

Resumo

A obrigatoriedade da adoção da Lei de Cotas, estabelecida pelo Decreto Federal nº 7.824, de 11 de outubro de 2012, e consequentemente a implementação das reservas de vaga, através dos vestibulares específicos indígenas, tornou-se um grande marco nas lutas e direitos dos povos indígenas no Brasil. Através destas políticas os povos originários tiveram a oportunidade de sonhar e buscar melhoria na qualidade de vida das suas comunidades e povos, principalmente no que diz respeito à saúde e educação. O debate acerca da presença indígena na universidade vem sendo feito em diversas ocasiões nos últimos anos, especialmente ressaltando as dificuldades relacionadas à permanência (KRENAK, 2018). A partir de políticas afirmativas, as instituições de ensino federais passaram a implementar as suas políticas de ações afirmativas. No caso da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), instituiu-se, ao longo de sua trajetória e com êxito, ações afirmativas para o ingresso de estudantes indígenas e haitianos na universidade, a partir da criação de programas específicos para esses públicos (PIN e PROHAITI), respectivamente, bem como o ingresso via cotas, através do Enem para alunos de escolas públicas, indígenas e afro-brasileiros. No entanto, a política de permanência para esses acadêmicos ainda é um desafio para essa Instituição (FRANCESCHINI, p.33, 2023). Objetiva-se, com esta comunicação, discutir a importância da presença indígena no ensino superior, buscando identificar os principais desafios enfrentados pelos estudantes indígenas para sua permanência e contribuir, assim, para a construção de políticas de permanência, a partir do relato de vivências e experiências dos estudantes indígenas da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus Chapecó. Um dos principais problemas identificados para a permanência foi o da moradia estudantil. Iniciaram-se, então, discussões sobre essa questão em 2021, quando ingressaram no campus Chapecó muitos indígenas oriundos de Territórios Indígenas situados em diferentes regiões do Brasil. Esses estudantes, ao chegar à universidade, se depararam com a falta de uma moradia estudantil como um espaço de acolhimento que pudesse garantir a sua permanência, e, consequentemente, seu desempenho acadêmico. Em virtude disso, sentiram a necessidade de se articularem para garantirem sua permanência na universidade. O interesse desses acadêmicos pelo ensino superior está relacionado a uma aspiração coletiva de enfrentar as condições de vida e marginalização que lhes foram impostas e insere-se no contexto das lutas dos povos originários por condições melhores de vida e seus direitos como cidadão, que ocorre desde o início da exploração do Brasil. Tem-se, portanto, como objetivo buscar novos conhecimentos para suprir as necessidades vivenciadas pelo seu povo. Assim, o ingresso de estudantes indígenas na UFFS representa esse anseio que é coletivo. Atualmente na UFFS campus de Chapecó, há 192 estudantes indígenas com matrícula ativa, representantes de diferentes povos originários. Mesmo com a garantia das políticas de acesso à universidade, esses estudantes enfrentam barreiras e desafios para concluir sua formação, visto que não há ainda, na UFFS, uma política de permanência que consiga suprir as necessidades tanto socioeconômicas quanto acadêmicas desse público.

Publicado
12-01-2024