OFICINA SOBRE IMIGRANTES COM PROFISSIONAIS DE SAÚDE:
UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Resumo
Contextualização: O aumento dos fluxos migratórios no Brasil, intensificado nas últimas décadas, tem repercussões diretas sobre a organização e a prática dos serviços de saúde. A presença de imigrantes, frequentemente em situação de vulnerabilidade social, linguística e cultural, impõe ao Sistema Único de Saúde (SUS) o desafio de adotar estratégias que garantem o acesso equitativo, respeitando especificidades culturais e superando barreiras estruturais e comunicacionais. Nesse cenário, ações de educação permanente direcionadas aos profissionais da saúde tornam-se essenciais para qualificar o acolhimento e a integralidade do cuidado. Objetivo: Relatar a experiência de realização de uma oficina sobre a população imigrante destinada a profissionais do Centro de Saúde da Família (CSF) Jardim do Lago em Chapecó (SC). Aporte Teórico: A Educação Permanente em Saúde (EPS) é uma política do SUS que promove a transformação das práticas e da organização do trabalho por meio da problematização coletiva e da aprendizagem significativa, articulando ensino e serviço na APS. Associada ao conceito de competência cultural, e às abordagens de humildade, segurança e competência estrutural, favorece o reconhecimento e a negociação das diferenças socioculturais, fundamentais para o cuidado de imigrantes. Essa integração potencializa práticas inclusivas e sensíveis, contribuindo para a equidade e a integralidade da atenção à saúde. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência, de natureza qualitativa e abordagem descritiva, desenvolvido no contexto da educação permanente em saúde. Participaram 27 profissionais de saúde atuantes na atenção primária do CSF. As atividades ocorreram de forma presencial, por meio de estratégias participativas e dialógicas que favoreceram a interação e a reflexão coletiva. O percurso metodológico inclui o acolhimento e a apresentação da proposta, leitura do texto “Nacirema”, de Horace Miner, utilizado como recurso problematizador para estimular reflexões sobre a percepção de diferentes culturas. Construção coletiva de um mosaico composto por imagens e palavras representando a diversidade étnico-cultural brasileira, fomentando discussões sobre contribuições históricas, processos migratórios e enfrentamento ao preconceito. Socialização das produções e exibição de vídeo produzido por bolsistas, abordando a temática dos imigrantes no contexto da saúde no município de Chapecó. Resultados: A oficina configurou-se como um espaço seguro de diálogo, propício à problematização de preconceitos, inclusive aqueles de caráter inconsciente, estimulando a autocrítica e o desenvolvimento da competência cultural. A experiência fortaleceu vínculos entre os participantes, incentivou o compromisso com práticas inclusivas e equitativas e evidenciou a aplicabilidade imediata dos conteúdos à realidade profissional. A avaliação dos participantes foi predominantemente positiva, ressaltando a relevância da temática para o contexto local e o potencial transformador da abordagem proposta.
