DESAFIOS NA COMUNICAÇÃO E AMAMENTAÇÃO PARA PUÉRPERAS ESTRANGEIRAS:
ATUAÇÃO DE ACADÊMICAS DE ENFERMAGEM NO HOSPITAL REGIONAL DO OESTE
Resumo
Contextualização: De acordo com a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, a saúde é um direito fundamental do ser humano, sendo dever do Estado prover condições indispensáveis ao seu pleno exercício, baseando-se nos princípios da universalidade, integralidade e equidade. Visando contribuir com a formação de profissionais capacitados a promover saúde de maneira efetiva, o ambiente acadêmico tem entre suas atividades, as teórico-práticas que unem os conhecimentos adquiridos nas aulas com a realidade vivenciada nos serviços de saúde. Nesse contexto, a inserção de estudantes da área da saúde em estágios curriculares supervisionados é essencial, pois contribui para a formação acadêmica e permite a atuação direta junto aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Objetivo: o trabalho tem como objetivo relatar a experiência de acadêmicas do curso de Enfermagem da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) no setor maternidade do Hospital Regional do Oeste (HRO) ao promover ações de saúde que atendam integralmente às necessidades de gestantes e puérperas brasileiras, venezuelanas e haitianas. Aporte teórico: Tendo em vista o setor de inserção, identificou-se como dificuldade as complicações no processo de amamentação. Observou-se que muitas puérperas, especialmente estrangeiras, demonstravam insegurança, falta de conhecimento sobre as técnicas de posicionamento e pega correta, além de dúvidas acerca da produção e oferta do leite materno. Muitas dessas puérperas apresentavam dificuldades na compreensão da língua portuguesa, representando uma barreira significativa no processo de trocas de informações, orientação e acolhimento. Em razão disso, verificou-se que a equipe de enfermagem do setor encontrava limitações na comunicação eficaz e que na prática, o manejo inadequado dessa situação pode resultar em complicações como a ingurgitação mamária e a evolução para a mastite puerperal. Segundo o Ministério da Saúde (MS), o ingurgitamento mamário é uma condição comum nas primeiras semanas após o parto, caracterizada pelo acúmulo excessivo de leite, causando inchaço, endurecimento, dor e sensibilidade nos seios. Esse fenômeno ocorre geralmente quando há um desequilíbrio entre a produção e o ato de amamentar, podendo ser resultado da falta de esvaziamento adequado durante a amamentação, seja por pega incorreta, intervalos prolongados entre as mamadas ou desmame precoce. Se não tratado adequadamente, o ingurgitamento pode dificultar a pega do bebê, causar desconforto materno e levar a complicações, como a mastite, que é uma inflamação mais grave das mamas, podendo necessitar de intervenção médica e até cirúrgica. Metodologia: foram desenvolvidos dois materiais educativos contendo informações sobre a pega correta, o tempo adequado de amamentação, os sinais de alerta para ingurgitamento mamário, o que fazer em caso de ingurgitamento e as complicações geradas pelo manejo inadequado da situação. Resultados: Um dos materiais foi um cartaz educativo elaborado em três idiomas: português, espanhol e língua crioula, para garantir às puérperas de diferentes origens culturais o acesso à informação, este foi impresso em folha A3, plastificado para possibilitar higienização adequada e fixado na sala de amamentação. Além do cartaz, desenvolveu-se um folder informativo contendo as mesmas informações sobre a amamentação e suas complicações, também transcrito nos três idiomas. O folder ficou sob maior responsabilidade das técnicas de enfermagem que fazem as orientações diretas sobre amamentação para todas as puérperas, mas podendo ser utilizado por todos da equipe. A confecção dos materiais contou com a colaboração de duas profissionais nativas, uma venezuelana e outra haitiana, que auxiliaram na tradução e adequação cultural do conteúdo. Foi possível contemplar a efetividade do material através do relato da técnica, ao repassar que um dos pacientes estrangeiros elogiou o material dizendo que finalmente conseguiu compreender a orientação passada. Através disso, fica perceptível a importância do desenvolvimento de ações que contribuam para promoção integral de saúde a todos os usuários.
