UFFS E IMIGRAÇÃO
10 ANOS DE HISTÓRIA
Resumo
A UFFS possui experiência de 10 anos em seus Programas de acesso e permanência para estudantes imigrantes. Essa trajetória começou a partir de demandas de jovens imigrantes haitianos que procuraram a Instituição movidos pelo desejo de cursar o ensino superior e potencializar sua formação, alargando os caminhos para melhor inserção social e profissional no Brasil, como também, muitas vezes, tendo em mente a possibilidade de retornar ao seu país de origem depois de formados. O primeiro programa criado pela UFFS foi o Prohaiti, aprovado no Conselho Universitário em 2013 e que teve seu primeiro processo seletivo em 2014. Esse Programa era direcionado apenas a potenciais estudantes de origem haitiana, dado o movimento migratório que vinha ocorrendo desde o ano de 2010. Em 2019, poucos meses antes da Pandemia de Covid-19, foi criado na UFFS o Pró-imigrante, Programa de acesso e Permanência para estudantes imigrantes de todas as nacionalidades, sintonizado como as mudanças no amplo movimento migratório para o Brasil, especialmente para a região Sul, especialmente de venezuelanos. No Início de 2020, a Pandemia demandou que a UFFS direcionasse seus esforços para a retomada das aulas, suspensas em função da necessidade de afastamento social utilizado para conter o avanço do contágio. As comissões locais e institucional do Prohaiti começaram a debater acerca dos programas voltados aos imigrantes, especialmente na viabilidade de manutenção de dois programas, sendo que o Pró-Imigrante poderia incorporar o Prohaiti. Após estudo das normativas institucionais e análise dos dados sobre a migração na região de abrangência da UFFS, optou-se em realizar um processo seletivo unificado para Prohaiti e Pró-Imigrante no ano de 2021, objetivando observar a demanda de candidatos pelas vagas, não perdendo de vista que o Prohaiti era mais difundido, enquanto o Pró-Imigrante representava uma novidade. No decorrer do ano de 2022 foi encaminhada ao Conselho Universitário a proposição de unificação dos programas, o que na prática se materializou com a extinção do Prohaiti e a manutenção do Pró-imigrante. Nesse mesmo ano foi realizado novo processo seletivo, no qual foram recebidas inscrições de diversos países, porém verificou-se que dos candidatos aprovados, 64% das matrículas foram de estudantes haitianos e outros 36% de venezuelanos. Tal número tem estreita relação com o perfil da imigração mais recente, especialmente no Oeste catarinense, que concentra haitianos e venezuelanos. Ademais, cabe mencionar que dados do Centro de atendimento ao imigrante da Prefeitura Municipal de Chapecó (2022) registram mais de 52 nacionalidades presentes na região. Merece destaque explicitar que o Prohaiti foi uma iniciativa pioneira na região de abrangência da UFFS, posto que não se tem conhecimento de outros Programas similares. Atualmente é comum a ocorrência de movimentos dentro das instituições superiores de ensino, tanto públicas como privadas, que concorrem para inclusão educacional da população migrante que reside no Brasil, porém, a efetiva inclusão desses estudantes demanda uma série de ações por parte das instituições de ensino, que vão desde questões relacionadas ao domínio da língua portuguesa, documentos, validação de estudos, monitorias, eventos, auxílios socioeconômicos, dentre outras formas de suporte. Até meados de 2023, a UFFS contabiliza 18 haitianos graduados em diferentes cursos, todos eles ingressantes pelo programa Prohaiti. Destaca-se que o ingresso de imigrantes como estudantes da graduação na UFFS não ocorre somente via processo seletivo específico para imigrantes. É também oportunizado o acesso via SISU, porém para isso é necessário que o candidato tenha prestado o ENEM, o que já vem ocorrendo, especialmente por parte de imigrantes que já estão no Brasil há mais tempo, alcançando boa proficiência no idioma e muitas vezes já tendo cursado o ensino médio aqui. Também podem participar de processos seletivos especiais para vagas remanescentes ou mesmo ingressarem via processo de transferência externa. As demandas dos estudantes imigrantes chegam até as comissões do Pró-imigrante por meio da representação presente nesses espaços, ou seja, há sempre discentes presentes nas comissões, os quais fazem a ponte com os demais colegas. Nesse processo de amadurecimento institucional acerca do atendimento de toda essa diversidade cultural, a UFFS tem se aproximada de diferentes entidades, grupos, organizações e instituições que debatem o tema da imigração, tais como associações de imigrantes, Formigra, Missão Paz, dentre outras entidades e associações.