DESAFIOS À INTEGRAÇÃO DE ESTUDANTES MIGRANTES E REFUGIADOS NA UNOCHAPECÓ

  • Amanda Carolina Cegatti Unochapecó
  • Guillermo Omar Orsi
Palavras-chave: Migração, Ensino Superior, Chapecó

Resumo

Este trabalho apresenta os principais desafios ao acesso, integração e manutenção de estudantes migrantes e refugiados na Universidade Comunitária da Região de Chapecó. Para isso, são realizadas entrevistas semiestruturadas com acadêmicos regularmente matriculados na instituição, nas quais se buscou observar as diferentes demandas e lacunas para a educação superior dessa comunidade, em diálogo com a literatura especializada. Além disso, é traçado o perfil das e dos acadêmicos conforme gênero, nacionalidade, faixa etária e área de estudos, a partir das quais se analisam as referidas demandas e lacunas. Para uma análise acurada desse contexto, o trabalho observa, ainda, os recentes fluxos migratórios para Chapecó e região e suas características específicas, dado que a presença de jovens adultos estrangeiros no ensino superior é uma nova realidade oriunda de determinantes nacionais e internacionais que resultam nesses fluxos. De acordo com Centro de Atendimento aos Imigrantes (CAI), serviço da prefeitura de Chapecó, a presença de migrantes na cidade era de dezoito mil pessoas em 2022 e as previsões apontam para ultrapassar as vinte mil pessoas no fim de 2023. Entre estas pessoas, mais da metade são de origem venezuelana, seguido da origem haitiana e diversas outras nacionalidades. Cada comunidade com suas próprias dificuldades e necessidades, mas também potencialidades que se refletem na sua presença no ensino superior. Além disso, considerando o período de inserção no ensino superior em termos de faixa etária, a entrada na universidade geralmente consiste também em um momento de grandes mudanças que marcam a passagem da juventude à vida adulta e que demandam muitas adaptações que, para migrantes, tende a ser mais desafiador. Nesse sentido, indagamos também a visão dos estudantes sobre ferramentas e estratégias que a universidade poderia aplicar para facilitar esse percurso. Com isso em mente, observam-se novas demandas objetivas e subjetivas para acadêmicos, acompanhadas de políticas públicas na área de educação. Conclui-se que apesar da existência de projetos de extensão e outras atividades voltadas ao público migrante e refugiado, a falta de políticas específicas para a inserção e manutenção desses estudantes na Universidade, especialmente em termos de bolsas de estudo, disponibilização de curso de português e flexibilização de exigências documentais, consistem nas principais barreiras para a maior presença de migrantes e refugiados na instituição. Dessa forma, indica-se a necessidade de construção de práticas acolhedoras a nível institucional, a exemplo de programas já criados e estabelecidos em instituições de ensino superior públicas e privadas no Sul do país.

Publicado
14-09-2023