PRODUÇÃO DE JORNAIS VIRTUAIS NA EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA DE PLA
AS VOZES DOS ESTUDANTES NAS AULAS DO CICLO COMUM DE ESTUDOS DA UNILA
Resumo
Esta comunicação tem como objetivo apresentar uma proposta de atividade desenvolvida na disciplina de Português como língua adicional, do Ciclo Comum de Estudos da UNILA. Os estudantes desenvolveram jornais acerca de diversos aspectos sociais e culturais de seus países, além de algumas reflexões sobre a vida dos estrangeiros na cidade de Foz do Iguaçu. O objetivo era que eles/elas pudessem vivenciar práticas de letramentos digitais, sociais, culturais e identitárias na produção linguístico-discursiva dos jornais virtuais. Os grupos foram formados por alunos/alunas de várias nacionalidades e regiões, o que possibilitou o compartilhamento de vivências e diferentes conhecimentos, inclusive linguísticos, já que são falantes de espanhol, francês, crioulo haitiano e aimará. Como aporte teórico, uso a linguística aplicada indisciplinar (MOITA LOPES, 2006), em diálogo com a pedagogia decolonial (WALSH, 2010), a educação de reexistência (LOBO, 2018) e o letramento crítico (PENNYCOOK, 2004), entendendo a sala de aula como um espaço perpassado por relações de poder e a importância de se visibilizar e legitimar práticas culturais silenciadas e marginalizadas no Brasil, como o vodu haitiano e o culto à Pachamama, muito presente na Bolívia. Como resultado, a elaboração de três jornais virtuais, um para cada grupo, possibilitou práticas de escrita/reescrita em língua portuguesa, além do desenvolvimento de aspectos de coerência e coesão na produção de textos e dos letramentos de oralidade, já que todos/todas discentes fizeram uma exposição oral. Posteriormente, num evento para discentes de várias carreiras da UNILA, os estudantes fizeram uma versão compilada dos jornais em suas línguas maternas (crioulo haitiano, espanhol e aimará) e realizaram apresentações mesclando o português e seus idiomas de origem, a fim de visibilizar a importância de se compreender a UNILA não apenas como um espaço bilíngue, mas, atualmente, plurilíngue e intercultural, em que circulam sujeitos, histórias e memórias na fronteira e além dela, como um caminho para existir, resistir e reexistir a discursos discriminatórios construídos discursivamente e historicamente nas sociedades latino-americanas ao longo de séculos.