UMA DÉCADA DA IMIGRAÇÃO HAITIANA EM NOVA ERECHIM – SC

(2013/2023)

  • Sandra de Avila Farias Bordignon
  • Lidiane Tania Ronsoni Maier Universidade Federal da Fronteira Sul
Palavras-chave: Acolhimento. Rede de atendimentos. Migração.

Resumo

A imigração Haitiana tem sido o centro de vários debates regionais nos últimos anos, na região oeste catarinense, nesse sentido, este ensaio objetiva apresentar a primeira década de inserção da comunidade Haitiana no município de Nova Erechim – SC. O município de Nova Erechim foi fundado em 28 de dezembro de 1964. Com aproximadamente 5000 habitantes e uma área de 64,5Km². A base da economia é a agricultura, seguida da agroindústria e do setor moveleiro. Localizado no coração do oeste de Santa Catarina destaca-se por ter uma população descendente de imigrantes oriundos do Rio Grande do Sul, que se estabeleceram nos aos 60 e 70 incentivados pelas políticas de colonização da época. Próximo do seu cinquentenário, em 2013, recebeu 48 haitianos, buscados para o trabalho: contratados pelo frigorífico Friaves. O que representava 1% da população, na época. Posteriormente, foram chegando mais imigrantes atraídos pelo fenômeno comunicativo social entre eles e pelas demais empresas: Daico e KK Móveis, para inserção laboral. A imigração foi se intensificando o que demandou muitos desafios e empenho das diversas instâncias governamentais e não governamentais. O acolhimento, a inserção das crianças nas escolas, a oferta das aulas de português para melhorar a comunicação e neste processo o conhecimento de um outro modo de ver e viver o mundo (BORDIGNON, 2016). Neste período a comunidade novaerechinense se internacionalizou e se modificou com a inserção de novos hábitos e maneiras de perceber o outro. O ganho cultural deste espaço/ lugar está nas comidas coloridas e temperadas e principalmente, na banana da terra, cozida e frita. A comunidade novaerechinense compareceu aos jantares realizados com comidas típicas haitianas promovendo o conhecimento e aproximação de uma nova cultura. Com as músicas a população tem a oportunidade de escutar ritmos caribenhos por meio do programa semanal na Rádio local, comandado pelo imigrante haitiano residente no município de Nova Erechim. A participação da comunidade haitiana, nas atividades desportivas do município, é uma forma de integração. O aspecto da religiosidade também é forte com a presença dos imigrantes haitianos nas igrejas. Enfim, somos uma Nova Erechim diversa, passada uma década da presença haitiana por aqui. Registramos o modo de vestir muito próprio, colorido e elegante dos imigrantes haitianos. Com a interação, com os nacionais do Haiti, vamos entendendo que “não somos mais os mesmos”, somos diferentes pela influência dessa cultura ao nosso redor. Muito aprendemos e evoluímos ao perceber outro ponto de vista (MAIER; BORDIGNON, 2021). Também destacamos as parcerias realizadas nessa década de movimento migratório no município, como as parcerias com a Prefeitura Municipal, as empresas moveleiras citadas, e o Espaço Cultural Lidia Ronsoni (Águas Frias), com a oferta de turmas de ensino de língua portuguesa para os imigrantes. O trabalho em rede junto ao GAIROSC e a Pastoral do Migrante também contribuíram para o desenvolvimento de atividades voltadas a essa população. E, em comemoração a primeira década desse movimento migratório em Nova Erechim, promoveu-se em 02 de abril de 2023, a festa dos 10 anos da Imigração Haitiana no município1, com o encontro de vários imigrantes, que hoje estão em outros locais da região e do país. Foi organizado um museu com objetos típicos, comidas típicas, falas de autoridades como o Senhor Paulo Illes, coordenador geral de politicas migratórias do Ministério da Justiça e depoimentos de vários imigrantes que ressaltaram em seus agradecimentos a acolhida nesse período.

1 Município de Nova Erechim celebra 10 anos da imigração Haitiana com evento no Centro Multiuso | ND Mais

Publicado
14-09-2023