ESTUDANTES VENEZUELANOS EM UMA ESCOLA ESTADUAL DE ERECHIM/RS

UMA AMEAÇA AO PROJETO INSTITUCIONAL ESCOLAR?

  • Andressa Nunes Soilo Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
  • Kaylani Dal Medico Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) - Campus Erechim
Palavras-chave: Fluxos migratórios, Venezuelanos, Ambiente Escolar

Resumo

O tema de nossa pesquisa aborda as relações sociais e institucionais que alunos venezuelanos de 06 a 11 anos acionam em uma escola estadual situada na cidade de Erechim/RS. O problema de nossa pesquisa foi motivado por uma de nossas apresentadoras que atualmente é monitora da escola investigada - como os e as estudantes venezuelanas eram adaptadas a metodologias de alfabetização que priorizam a língua portuguesa? Como tais alunos e alunas eram tratados em suas relações com outros colegas, e como as demandas de avaliações institucionais de escolas que apreciam o mérito e a qualidade de ensino de cada estabelecimento escolar se depara com o desafio da diversidade cultural? A questão do fluxo migratório de venezuelanos decorre das recorrentes crises humanitárias que o país atravessou desde 2013, quando o cenário político é alterado. Com a intensa instabilidade política, a hiperinflação, a falta de emprego, a fome, falta de medicamentos e alimentos básicos, a violência, ausência de proteção do Estado e o barateamento do petróleo, um dos principais recursos do país (MILESE et al., 2018), ocasionaram um fluxo de imigrantes venezuelanos rumo às fronteiras brasileiras, especialmente junto ao estado de Roraima. Consoante o exposto sobre os fluxos migratórios venezuelanos para o Brasil, este prestou serviços de acolhimento aos imigrantes. Um dos discursos estatais era o de interiorizar os venezuelanos em outras partes do país para que reencontrassem seus familiares ou mesmo arranjassem empregos negociados por organizações nacionais e internacionais. Com dados relevantes que também instigam o objetivo desta pesquisa, FERREIRA DA SILVA e SANT’ANA BENTO (2021) demonstram em sua pesquisa que o Rio Grande do Sul foi o segundo estado brasileiro que mais recepcionou imigrantes - cerca de 15% do total de venezuelanos interiorizados, restando atrás somente do estado de São Paulo que recepcionou 21% de imigrantes (OIM,2019). Frente a este cenário, os objetivos principais de nossa pesquisa são o de investigar como as relações sociais e institucionais dos alunos aos imigrantes venezuelanos. Como imigrantes redistribuídos em diversos locais brasileiros, Erechim, uma cidade do Alto Uruguai Gaúcho conta com grande conjunto de crianças em idade escolar que, em seu cotidiano, lidam com manifestações de discriminação, de escárnio, de humilhação e de brigas físicas pelo fato de serem de “outro mundo” - como elas mesmas identificam. Frustrações não deixam de ser um tratamento destinado a elas em seu processo de aprendizagem. Nossas conclusões parciais indicam que a presença de estudantes imigrantes desperta inseguranças no ambiente escolar no que concerne não somente aos professores e sua metodologia, mas também a seus indicadores educacionais - instrumento que simboliza o rendimento escolar dos alunos e o esforço docente.

Biografia do Autor

Andressa Nunes Soilo, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
É doutoranda e mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), bacharel em Direito graduada pelo Centro Universitário Ritter dos Reis (UNIRITTER), e cientista social graduada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Tem interesse em assuntos relacionados à Antropologia do Direito, Antropologia Polítca, Antropologia do Estado, Propriedade Intelectual e Tecnologias Digitais.
Kaylani Dal Medico, Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) - Campus Erechim

Kaylani Dal Medico é discente do curso de Pedagogia da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) - Campus Erechim.

Publicado
14-09-2023