10 ANOS DA PRESENÇA DOS “NOVOS” IMIGRANTES NO OESTE CATARINENSE E O POTENCIAL DA PESQUISA ACADEMICA
Resumo
O desenvolvimento do Brasil adveio por meio da força de trabalho direta e indireta de migrantes transnacionais que chegaram ao Brasil em busca de oportunidades e melhores condições de vida. É sabido que, essas pessoas apresentavam condições de vulnerabilidade, e, grande maioria esteve e/ou ainda permanece exposta neste movimento de ir e vir. Ressaltam-se as significativas contribuições no progresso econômico, social, político e cultural do país de correntes do curso migratório. A partir de 2010, registra-se um fluxo contínuo de “novos”[1] rostos de migrantes e refugiados no país, com objetivos e intenções análogas e, basicamente, encontram-se sob as mesmas condições adversas, em outras palavras, sem ou com ínfimas condições humanas de sobrevivência digna. Deste modo, presencia-se um fenômeno inovador, caracterizado pela diáspora advinda do Haiti, em destaque a mobilidade espacial de trabalhadores que, já é considerada uma das maiores dos últimos 100 anos. Com vistas a contribuir com as pesquisas direcionadas ao tema migração contemporânea, utilizando a pesquisa bibliográfica e o método de abordagem dedutivo, este texto tem o propósito de apontar os primeiros dados e resultados de estudos realizados a partir de 2013, por pesquisadores de universidades da região Sul do Brasil. A mobilidade humana é objeto de pesquisa acadêmica nas instituições de ensino superior do território brasileiro, eis que a formação do povo brasileiro tem por origem esses movimentos espaciais de pessoas. De acordo com Handerson (2015), desde 1990 a diáspora haitiana tem estado na pauta de diversos estudos, tanto (trans)nacionais, quanto no discurso político social. A literatura alude que o movimento migratório ocorreu de forma acentuada para os Estados Unidos, França, Canadá e território caribenho. Neste sentido, em termos globais, o Ministério dos Haitianos Residentes no Exterior estima que há cerca de 4 a 5 milhões de haitianos em mobilidade, o que representa a metade da população estimada em 2013 (HANDERSON, 2015)[2]. Coincidência ou não, é o mesmo período que os imigrantes haitianos entram no Brasil e são descritos como movimentos migratórios recentes na pesquisa de Fernandez e Castro (2014), Bordignon (2016), Cotinguiba (2016). No que diz respeito à territorialidade espacial do oeste catarinense, esta chegou a abrigar mais de 15 mil imigrantes de nacionalidade haitiana entre os anos de 2015 à 2017, conforme levantamento do SisMigra da Polícia Federal. Ressalta-se que, no período de 2014 à 2020, no âmbito da Universidade Federal da Fronteira Sul, foi criado o Grupo de Estudos sobre Imigração do Oeste de SC - GEIROSC, com formação interdisciplinar, mapeou os estudos existentes sobre temas envolvendo “novos” migrantes e, registrou o montante de 40 (quarenta) pesquisas, as quais foram desenvolvidas nas mais diversas áreas do conhecimento, a exemplo: Direito, Educação, Ciências Sociais, Saúde, Psicologia, Arquitetura, Letras, Administração, História, Políticas Públicas e Desenvolvimento Regional (GEIROSC, 2020). Entre as instituições envolvidas citam-se: a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS); a Universidade Comunitária de Chapecó (UNOCHAPECÓ); a Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC). Todas essas pesquisas foram indicadas a fazerem parte do acervo do Centro de Estudos Migratórios do oeste de SC no I Seminário sobre migrações, realizado na UFFS em 2022. Por conseguinte, é manifesta a potencialidade das pesquisas acadêmicas cujo foco seja a migração na última década no Oeste de Santa Catarina, contribuindo para uma formação mais humana e cidadã não apenas do estudante e pesquisador, mas também para o reconhecimento dos migrantes como cidadãos com a garantia de direitos e deveres.