REVOLUÇÃO HAITIANA
MARCO DO IMPONDERÁVEL FRATERNAL
Resumo
Com este resumo pretende-se revelar as conjunturas da Revolução Haitiana, sob a luz do prin-
cípio da fraternidade, uma das expressões marco do lema da Revolução Francesa (1789): Li-
berdade, Igualdade, Fraternidade. Utiliza-se como metodologias, a abordagem dedutiva, o
procedimento monográfico e a técnica de pesquisa bibliográfica. O Haiti, primeiro país latino-
americano a se declarar independente e a primeira república negra do mundo, era ocupado por
índios arauaques1, quando em 1492 foi conquistado pelo imperialismo espanhol. A Ilha de
São Domingos possuia uma localização geográfica estratégica, que facilitava o contrabando
de mercadorias e bens por navios que atravessavam a área e, atraía a atenção pela potenciali-
dade fértil e riquezas naturais (ABBOTT, 2014). Porém, amargou os estragos do
colonialismo, enfrentou a violência conquistadora, sofrendo deveras as suas consequências.
“Com o tempo, os índios tornaram-se vítimas de um processo violento de submissão a traba-
lhos forçados, deslocamento de suas terras, mortes e extermínio” (LOPES, QUEIROZ, AC-
CA, 2013, p. 81). A dizimação foi tão intensa que a Espanha, traficou negros africanos2, ado-
tando o trabalho escravo para a mão-de-obra nas plantações. As disputas entre Espanha, Ingla-
terra e França para o controle da ilha caribenha gerou a assinatura de tratados, mas, sem a
interferência da população que habitava a ilha, pois, era considerado Homem, o europeu e
masculino (ABBOTT, 2014). Com o Tratado de Ryswick3 (1697), envolvendo Espanha e
França, a parte oeste da Ilha de São Domingos torna-se colônia francesa. Em 1795, com o
Tratado de Basileia, terminam as lutas, estabelecendo o acordo de paz entre Espanha e França
e, determinou que esta devolveria os territórios tomados na Espanha, em compensação abdi-
caria à França a parte oriental de São Domingos4 (República Dominicana), porque os france-
ses já dominavam a parte ocidental da ilha (Haiti). Em 1791, iniciou a Revolução Haitiana,
intenso pela libertação dos escravos e, apenas em 1º de janeiro de 1804, foi proclamada a
independência do Haiti. “A luta contra os franceses havia despertado no povo de São Domin-
gos um verdadeiro sentimento de nacionalidade, em termos de uma hispanidad mais ilibada
(MOYA PONS, 1980, p. 78). A insurreição era inaceitácel e inconcebível, porque a ideia da
rebelião dos negros escravos colonizados, encontrava-se fora dos limites de entendimento e
aceitação dos partidários e dos adversários da raça, do colonialismo e da escravidão que se
praticava nas Américas, ao ponto de perpetrar o silêncio histórico da revolução. Ocorre que,
as palavras de ordem da Revolução Francesa seguiram para a colônia e, sob a liderança de
Toussaint Louverture5, produziram movimentos junto aos negros para a própria emancipação
e libertação. Não tratou-se apenas de uma estratégia de "The Black Napoleão", foi sua auspi-
ciosa postura, que o dirigiu à “[...] retomar as ideias de liberdade, igualdade e fraternidade, a
desenvolvê-las também teoricamente e a dar a elas uma aplicação que, para a cultura euro-
peia, representava ‘o impensável’” (BAGGIO, 2008, p. 25). Quiçá esta seja a máxima lição
deste fatídico evento para a humanidade, mesmo silenciado por historiadores e cientistas, a
Revolução Haitiana desponta as nuances da fraternidade para sua plena compreensão, eis que
este princípio foi deixado de lado, justificando-se quem sabe as mazelas contemporâneas das
e nas relações humanas e sociais