PERSPECTIVA ASSISTENCIAL À SAÚDE DE IMIGRANTES E REFUGIADOS EM UMA MESOREGIÃO DO MERCOSUL

Resumo

Compreendendo a multiplicidade de fatores que compõem o processo saúde doença de uma população, deparamo-nos cotidianamente com a patologização das expressões da questão social (fome, pobreza, miséria, dentre outras), realidade que transcorre também o curso migratório. Neste cenário, Granada e Detoni (2017) destacam que a mobilidade humana, quando percebida dentro de sua totalidade, acaba por inserir-se no conjunto de determinantes sociais de saúde, este altamente complexo, demandando de um fazer profissional pautado no princípio da integralidade. Desta forma, tem-se enquanto objetivo no presente discutir sobre a relevância da atuação profissional do assistente social no atendimento a pacientes imigrantes e refugiados, usuários da atenção terciária em saúde, no interior do estado do Rio Grande do Sul. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa bibliográfica de caráter exploratório, a qual contou com a busca de artigos e livros em meios eletrônicos, tendo enquanto descritores: população migrante, saúde e serviço social. A experiência migratória, além de complexa, pode perpassar por condições insalubres e exaustivas decorrentes do sistema econômico ora vigente, possuindo correlação direta com uma, dentre as tantas formas de adoecimento daqueles que se deslocam (IBIAPIANA, 2019, p. 03). Neste cenário, Yujra e Ventura (2019, p. 39) referem que situações como o distanciamento da família, bem como, o não acesso a empregos salubres e com remuneração digna e o nível de educacional e de acesso a justiça por parte dos imigrantes e refugiados configuram-se enquanto alguns dos determinantes sociais de saúde presentes na realidade vivenciada, extrapolando a esfera individual e perpassando pelas influências sociais e comunitárias. Ainda, os riscos de violação de direitos e consequentemente de adoecimento do público supracitado se altera de acordo com os diferentes momentos do deslocamento, fato que também incide na complexidade de saúde (YUJRA, VENTURA, 2019, p.40). Compreendendo as barreiras culturais e linguísticas que se apresentam frente a busca por informações e/ou obtenção de atendimento em saúde, destaca-se a necessidade de identificação de novas formas interventivas a fim de que se viabilize um atendimento humanizado, o qual poderá garantir o estabelecimento de vínculo e cuidado (YUJRA, VENTURA, 2019, p.39). Assim, frente a tantas expressões da questão social, a práxis profissional do assistente social junto a atenção terciária em saúde faz-se de suma relevância no que se refere ao atendimento aos imigrantes e refugiados. Buscando romper com o modelo biomédico e considerando os indivíduos dentro de sua totalidade, o assistente social inserido no âmbito da saúde possui um papel fundamental no que se refere a garantia da participação dos usuários em seu processo de reabilitação, bem como, na viabilização da plena informação de sua situação de saúde (CFESS, 2010, p. 53). Para além da patologia, destaca-se a importância de reconhecer os usuários como sujeitos de direitos, em um contexto de cidadania e de democracia, fato intrínseco a práxis profissional do assistente social, reforçado pelas práticas interdisciplinares em saúde (MARTINELLI, 2011, p. 500). A partir de seus preceitos éticos, baseado em uma formação crítica, o atendimento do assistente social aos imigrantes e refugiados, junto a atenção terciária em saúde, pauta-se no reconhecimento da condição humana, na garantia de um fazer emancipatório e na compreensão da cotidianidade suas vulnerabilidades, extrapolando os muros dos hospitais (MARTINELLI, 2011, p. 503). Neste sentido, através da vivência cotidiana, das competências profissionais e do embasamento teórico compreende-se que a referida profissão contribui significativamente com a efetivação da humanização em saúde no que tange ao atendimento daqueles que se deslocam, buscando identificar a magnitude do processo migratório e suas implicações na saúde dos indivíduos.