INSERÇÃO DE ESTUDANTES HAITIANOS NA UFFS - CAMPUS ERECHIM

REFLEXÕES A PARTIR DO PROGRAMA DE EXTENSÃO “DIVERSIDADE LINGUÍSTICA: COMPARTILHAR SABERES PARA QUEBRAR BARREIRAS”

  • Roselaine de Lima Cordeiro UFFS - Campus Erechim
  • Stephanie Toussaint

Resumo

A criação do Programa de Acesso à Educação Superior da UFFS para Estudantes Haitianos (PROHAITI) foi uma grande conquista para este público e uma oportunidade ímpar para a UFFS contribuir com a integração dos imigrantes haitianos à sociedade local e nacional por meio do acesso aos cursos de graduação. Nessa direção, ressaltamos que a chegada dos estudantes haitianos ao Campus Erechim colocou ainda mais em evidência as várias línguas que compõem a comunidade acadêmica e regional. Vale destacar que “[...] a diversidade cultural e linguística é a norma nas esferas local e internacional [...] devem ser vistas como recursos, como bens culturais a serem adquiridos [...]” (MELLO, 2010, p. 137-138). Face ao exposto, foi criado um programa de extensão com a perspectiva de dar visibilidade e voz a uma parte dessa diversidade linguística; ademais, com o foco em “Inserir os estudantes estrangeiros na cultura acadêmica e fazer com que sejam vistos e valorizados em sua cultura e saberes” (UFFS, 2020). Assim, este trabalho tem como objetivo evidenciar as ações do programa de extensão “Diversidade linguística: compartilhar saberes para quebrar barreiras”, o qual ocorreu em 2019 e está na sua segunda edição em 2022. Uma das principais ações a ser ressaltada, na primeira edição, foi a oferta de cursos de línguas, dentre eles: crèole haitiano, espanhol, francês e inglês, ministrados em sua maioria por estudantes haitianos. A segunda ação a ser destacada tem como pilar a voz, o espaço e a visibilidade propiciada aos estudantes haitianos ministrantes desses cursos tanto em relação à sua língua quanto no que diz respeito à sua cultura, considerando seus conhecimentos e experiências de vida. A terceira ação está relacionada às bolsas de extensão destinadas ao programa, para as quais a condição de acesso era ser estudante haitiano do campus, critério este definido pela coordenação do programa. É importante salientar que todos os encontros nessas vivências em línguas, realizados semanalmente, tiveram como foco a interculturalidade. Desse modo, podemos enfatizar a proximidade entre os ministrantes e participantes, sujeitos que têm diferentes saberes linguísticos e culturais a serem compartilhados; e o rompimento de barreiras no que se refere a aspectos linguísticos, comunicativos e sociais, haja vista que “Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender” (FREIRE, 1996). Vale pontuar que, na primeira edição, 34 pessoas foram certificadas. Dado esse percurso exitoso, em 2022, ocorre a segunda edição do programa com a oferta de cursos de línguas, dentre eles, crèole haitiano e francês, ministrados por acadêmicos haitianos. Além disso, mais uma vez as bolsas foram disponibilizadas prioritariamente para os estudantes haitianos do campus. A partir dessa trajetória, concebemos que tais ações no âmbito do programa culminam em questões bastante significativas, tais como: o acolhimento desses sujeitos na cultura acadêmica, fazendo com que se sintam valorizados e reconhecidos no espaço universitário, estreitando laços e estabelecendo diálogos para além do ambiente formal da sala de aula; a permanência desses acadêmicos na instituição e nos cursos, haja vista a possibilidade de bolsa que pode auxiliá-los nas suas despesas financeiras; e o papel potencial da extensão que, como um dos tripés da universidade, proporciona espaço para ações como essa, em que os estudantes assumem o protagonismo das atividades e podem interagir tanto com a comunidade acadêmica quanto com a comunidade regional. Por fim, ressaltamos que estes programas contribuem para a construção de uma universidade para todos, pois oportunizam acesso aos estudantes haitianos (PROHAITI) e sua efetiva permanência no ensino superior (programa de extensão), ao valorizar sua cultura e o estreitamento dos vínculos com a comunidade acadêmica.

Publicado
11-10-2022