CARTOGRAFAR (COM) MULHERES MIGRANTES

Palavras-chave: Migração, Gênero, Interseccionalidade

Resumo

Na cidade de Venâncio Aires, no interior do Rio Grande do Sul, foi feita uma pesquisa com um grupo de mulheres migrantes venezuelanas, que, devido à violência instaurada em seu país, migraram para o Brasil. Na pesquisa se objetivou entender como estas mulheres migrantes ensinam a resistir aos diferentes tipos de vulnerabilidades dentro de um espaço não-escolar. A metodologia utilizada foi a cartografia, proposta pelos filósofos Deleuze e Guattari, na qual a pesquisadora, quem também é uma mulher migrante, em conjunto com as mulheres participantes, discutiram o processo migratório e as vulnerabilidades dele decorrentes. Na análise de dados, operou-se com os conceitos de interseccionalidade e gênero. A interseccionalidade, conceito trazido por Carla Akotirene (2019), foi utilizado para compreender as especificidades das experiências de mulheres no percurso migratório, na medida em que se entende que a intersecção entre as categorias “mulher” e “migrante” provocam uma maior vulnerabilidade. O gênero, discutido pela autora Joan Scott (1995), se configura como elemento constitutivo das relações de poder, articulando-se aos processos sociais, políticos, econômicos e culturais. Scott discute que o gênero não apenas inclui o sexo, mas também a classe e a raça, sendo que, no caso desta pesquisa, pode-se acrescentar o fato de ser migrante no sul do Brasil. A partir da produção de dados, foi identificado que as mulheres migrantes criam redes de apoio para resistir às vulnerabilidades enfrentadas, sendo que essas redes servem de apoio para que outras mulheres migrem. Além disso, aponta-se que as migrações são femininas porque as situações relacionadas com a migração estão também relacionadas com os sofrimentos de discriminação que as mulheres sofrem, bem como aos processos de resistência que compõem o ser mulher no mundo há tanto tempo. Além disso, as migrações são femininas porque, na maioria das vezes, são as mulheres que constroem redes, constituindo espaços educativos que as fortalecem e lhes permitem encontrar estratégias de enfrentamento às situações vividas.

Biografia do Autor

Sandra Barzallo, Universidade de Santa Cruz do Sul

Mestre em Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC. Atuando na linha de pesquisa Educação, Cultura e Produção de Sujeitos. Membro do Grupo de Pesquisa Educação e Biopolítica, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC. Orientada pela Prof. Dr.ª Betina Hillesheim. Possui graduação em Engenharia em Ciências Empresariais com ênfase em Negócios Internacionais e Comércio Exterior - Universidad de Especialidades Espiritu Santo, UEES, (2013) EQUADOR. Tem experiência na área de Educação, Administração de projetos de Educação, e como tradutora. É fluente em 4 línguas, Espanhol, Inglês, Francês e Português. Área de interesse: Educação. Migrações

Betina Hillesheim, Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC

Possui graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1989), mestrado em Psicologia Social e da Personalidade pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2001) e doutorado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2006). Membro do comitê assessor da Fapergs, nas áreas de Educação e Psicologia (2013-2014, 2015-2016). Professora adjunta e pesquisadora do departamento de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) em Educação da Universidade de Santa Cruz do Sul. Professora do Mestrado Profissional de Psicologia (UNISC). Coordenadora adjunta do Mestrado Profissional de Psicologia (gestão 2020-2021). Membro do GT "Territorialidades, violências, políticas e subjetividades" da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP). Atua principalmente nos seguintes temas: políticas públicas, inclusão, território, nomadismo, infância, literatura infantil. Líder do grupo de pesquisa "Políticas públicas, inclusão e produção de sujeitos" (PPIPS

Publicado
11-10-2022