A RELAÇÃO DA CATEGORIA TRABALHO COM OS PROCESSOS MIGRATÓRIOS
Resumo
Contextualização: A migração acompanha a história da civilização, isto é, não é um fenômeno atual, pois sempre existiu ao longo dos tempos. Dentro desta perspectiva, a migração foi constituída como a busca por melhores condições de vida, sendo o trabalho, a premissa desta perspectiva e grande impulsionador deste processo. Posto isto, é necessário compreender como esta categoria influencia a vida social e individual, tendo em vista, que a modernidade trouxe consigo diversos impactos no que tange a relação entre trabalho e indivíduo, sendo a precarização, característica marcante neste contexto. Objetivo: Abordar a relação entre o trabalho e a migração, sob a perspectiva teórica do materialismo histórico-dialético. Metodologia: trata-se de uma reflexão teórica elaborada a partir das leituras realizadas durante a disciplina Epidemiologia Socioambiental, do curso de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Comunitária da Região de Chapecó-Unochapecó e dos estudos realizados no grupo de pesquisa Noctua - Formação e Trabalho em Saúde. Aporte teórico: O materialismo histórico-dialético estuda as características da vida em sociedade, a evolução histórica e a prática social no desenvolvimento da humanidade. Propõe ao ser humano a possibilidade de conhecer o mundo e, assim, a história; afirma que o conhecimento é relativo em um determinado tempo e época. Por sua vez, baseia-se na interpretação dialética de mundo, oferece uma concepção científica da realidade, enriquecida pela prática social, mostrando como a matéria se transforma e como se realiza a passagem de formas inferiores a superiores. Resultados: Na perspectiva do materialismo histórico-dialético, o trabalho é o fundamento da vida humana, pois foi por meio dele que o homem transformou a natureza, produzindo instrumentos necessários à sua sobrevivência, e transformou a si próprio, aprimorando seu desenvolvimento cognitivo/sensorial e físico. Sendo assim, o homem foi suprindo suas necessidades por meio dos instrumentos oriundos desta transformação, aprimorando seu conhecimento, constituindo, por meio do trabalho que o desenvolveu, o conhecimento que hoje conhecemos, como teórico, consolidado pelas ates, ciência e filosofia. Cabe destacar que este trabalho que desenvolveu o homem, humaniza e transforma, intensificando atividades psíquicas superiores e se constitui como atividade vital humana.
Isto é, o trabalho humanizado é aquele que permite ao homem criar, desenvolver, conscientizar, isto é, humanizar-se por meio da apropriação da natureza. Ao contrário, o trabalho alienado, muitas vezes, na atualidade, realizado por migrantes, não contém a premissa de humanizar, mas sim, distancia o indivíduo do produto do seu trabalho, explora e detém o trabalhador, distanciando-o, inclusive, da garantia de seus direitos, manipulando-o por meio da necessidade oriunda da desigualdade social. O que nos cabe destacar aqui, é o fenômeno de migração dos seres humanos, principalmente nos últimos anos, em busca de melhores condições de vida, por meio do trabalho que, na ordem social vigente, é alienado. Esse fenômeno, intensifica o excedente de pessoas em condições sub-humanas, as quais se submetem a jornadas duplas ou triplas destas formas precarizadas de trabalho para que consigam sobreviver. Sob este aspecto, dentro do contexto do materialismo histórico-dialético, este trabalho, reforça a desigualdade social, a desumanização e converge à manutenção do status quo, fortalecido pelos interesses do capital. Ainda, em relação ao imigrante, na perspectiva do trabalho, ocorrem agravantes, provenientes da vulnerabilidade em que este indivíduo se encontra, isto é, este trabalhador se dispõe a deixar sua família, casa, amigos, cidade natal para vender sua força de trabalho onde houver procura. Torna-se, assim, totalmente disponível ao mercado de trabalho precarizado. Posto isto, se percebe que o trabalho alienado fomenta a desigualdade social, principalmente, por este, estar alinhado aos interesses do capital, em detrimento da melhoria das condições sociais de vida.