Composição Artesanal

Reflexões inicias sobre Comunidade de práticas e Educação da atenção na terceira edição do evento Rua - Feira Cultural

Autores

  • Eduardo Teixeira Lima Universidade Federal da Fronteira Sul, Erechim

Resumo

Esse trabalho se propõe a estabelecer relações teóricas a partir das experiências de campo etnográfico na cidade de Erechim. Essas experiências aconteceram sendo consideradas como um exercício de pesquisa para a disciplina optativa em etnografia (2018/1), na qual meu tema de interesse formulou-se na área de antropologia urbana. O antropólogo José Guilherme Magnani define as primeiras e segundas impressões, Insights, ou aquilo que conhecemos no trabalho de campo como percepções que acontecem ao experimentar as dinâmicas espontâneas junto com as pessoas. Ou seja, seria no conviver com diferentes atores sociais, num modo de trabalho que tem um tempo contínuo de se relacionar, que percepções sobre o universo da pesquisa iriam sendo construídas; percepções contaminadas pelas relações estabelecidas com as pessoas. Nesse sentido, a minha inserção na experiência etnográfica se deu por meio das práticas de pesquisa como caminhadas em diferentes partes da cidade e a participação em eventos que acontecem nas ruas e praças, ainda que dê início sem hipóteses de pesquisa e mais com a intenção de vivenciar o cotidiano da rua, tendo como ponto de referência os debates teóricos da área e a escrita no diário de campo. Durante esse período de caminhar na rua como exercício de pesquisa, a terceira edição do evento Rua – Feira Cultural, que aconteceu em abril, acabou sendo mobilizador para escrever sobre comunidades de práticas (Jean Lave) e educação da atenção (Tim Ingold). Ao interagir com as pessoas no evento, uma primeira impressão ocorreu em relação as conversas sobre o processo artesanal, que pareciam configurar um aspecto importante entre as pessoas que se colocavam no comércio artesanal na Feira. Compartilhar as experiências do processo de fazer artesanalmente envolve a circulação de informações e maneiras específicas de aprendizagens que sinalizam práticas específicas de viver. Em outras palavras, as conversas sobre o processo artesanal (de onde veio, como foi feito um produto, qual a relação com aquilo que foi produzido) sinalizavam a identificação numa comunidades de práticas, que embrulha de sentido suas práticas para delimitar uma percepção específica sobre as maneiras de produzir e comprar, estabelecer relações e viver. Apesar de ser impressões provisórias, que ainda necessitam de um trabalho contínuo, configuro-as como primeiras impressões no sentido que José Guilherme Magnani confere ao termo: impressões carregadas de um poder evocativo capaz de imprimir percepções iniciais sobre o universo da pesquisa. O aspecto evocativo pode ser considerado como um movimento que provoca o pensamento; como se fosse um gatilho do pensamento para alertar uma possibilidade de perceber as coisas.

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Publicado

04-09-2018

Edição

Seção

Campus Erechim - Projetos de Pesquisa