AS VARIEDADES LINGUÍSTICAS NO ENSINO DE PORTUGUÊS
UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Resumo
Esta comunicação apresenta uma experiência de estágio docente supervisionado realizado no componente curricular “Estudos da Língua Portuguesa V: Diversidade Linguística”, do curso de Letras Português e Espanhol – Licenciatura, da Universidade Federal da Fronteira Sul – campus Chapecó. O estágio, exigência obrigatória para bolsistas do Programa de Demanda Social (DS) da Capes, é uma experiência fundamental para a formação do mestrando porque apresenta ao pós-graduando uma nova realidade e propicia a sua intervenção efetiva no ensino superior. É a partir dessa intervenção que o mestrando reflete de maneira crítica e teórica sobre a realidade na qual está sendo inserido. Conforme André (2015), teorizar criticamente sobre esse momento requer planejamento e revisão sobre nossa ação enquanto profissionais do ensino, para que então possamos fazer as mudanças necessárias. Em relação ao CCR em que ocorreu o estágio, este objetivava discutir questões teóricas e metodológicas vinculadas à relação entre língua e sociedade, com base na Teoria da Variação e Mudança (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 1968; LABOV, [1972] 2008), também conhecida de Teoria Laboviana. Nessa perspectiva, concebe-se a língua como um sistema heterogêneo, ou seja, as variações e mudanças são inerentes à estrutura linguística, seja ela advinda de fatores internos ou de externos. Nesse sentido, esta disciplina propôs-se à reflexão sobre a diversidade linguística e seus procedimentos teórico-metodológicos, associados ao ensino do português na educação básica. Pensar as variações linguísticas no ensino, entretanto, implica alguns questionamentos, como: A variação e mudança linguística são vistas e discutidas em sala de aula? De que forma apresentam-se as diferentes variedades de uso da língua portuguesa brasileira? E como essas questões são abordadas no livro didático? Para respondê-las e levar a discussão para os graduandos do curso de Letras, apresentamos autores como Bagno (2007), Ilari e Basso (2006), Bortoni-Ricardo (2004), que se posicionam em favor de uma pedagogia culturalmente sensível à reeducação sociolinguística. Como resultado da experiência vivenciada no estágio, e tendo em vista as discussões e atividades feitas em sala, verifica-se que as variações linguísticas são, na maioria das vezes, abordadas de forma superficial, tendo em vista que tocam quase que exclusivamente em questões relacionadas ao léxico e à pronúncia. Tanto os profissionais formados quanto os estudantes em cursos de formação de professores e, ainda, os recursos didáticos disponíveis carecem de embasamento teórico para tratar sobre a variação linguística no ensino, apesar de haver uma tentativa em abordá-la e discuti-la. De acordo com Bagno (2007), a vontade em discutir os demais usos da língua é perceptível, mas a falta de base teórica consistente acaba prejudicando o trabalho de conscientização das variedades linguísticas. O que falta, portanto, é especialização adequada, isto é, o conhecimento aprofundado sobre a sociolinguística; para isso faz-se necessária a formação inicial e continuada dos professores para que se discuta e se motive o debate entre a relação “língua vs. sociedade”. Somente a partir disso que o docente poderá construir um planejamento adequado e aplicar uma metodologia de acordo com seu público-alvo, seja educandos do ensino regular ou superior, respeitando suas particularidades e heterogeneidade.
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