SAÚDE COLETIVA E O CAMPO
DEBATES NO ÂMBITO DA AGRICULTURA FAMILIAR CATARINENSE
Resumo
A concepção do Programa de Extensão Formação Terra Solidária: Multiplicando Ações e Sujeitos Sociais surgiu por meio da articulação do Fórum das Entidades da Agricultura Familiar Catarinense e tem como intuito congregar ações que compreendam lutas comuns na agricultura familiar no estado de Santa Catarina. A construção de debates e atividades foi desenvolvida a fim de compreender a realidade e as demandas da agricultura familiar em Santa Catarina e capacitar pessoas inseridas nesse meio, formando líderes que contribuam com as problemáticas cotidianas referentes à agricultura familiar, colaborando para o aprimoramento de técnicas somado a questões relevantes da atualidade, como sustentabilidade, economia e direitos humanos. O Programa abrangerá cidades das cinco regiões do estado de Santa Catarina que se desdobrarão, por sua vez, nos âmbitos microrregional, municipal e local. Nesse contexto, de acordo com escritores do Campo da Saúde Coletiva, existem fatores determinantes no processo saúde-doença dos indivíduos e da comunidade em que estão inseridos e que são, muitas vezes, negligenciados pelos profissionais de saúde nos métodos de promoção, prevenção, diagnósticos e tratamento, como aspectos ambientais, econômicos e históricos dessas sociedades. Com isso, objetiva-se relatar a experiência de uma acadêmica de medicina na inserção em um ciclo de debates do referido Programa denominado “Concepção de Estado: o Estado que temos” que ocorreu no mês de julho de 2018 em Seara, uma das cidades representantes da região Oeste do estado. Nesse sentido, a observação dos debates sob a perspectiva da Saúde Coletiva trouxe como resultado a análise de alguns condicionantes, especialmente nas esferas abordadas naquele momento, como as relações interpessoais e com o território da população em foco e suas carências e demandas originadas da conhecida marginalização da população rural em diversas áreas, incluindo a saúde. Essa etapa do programa trouxe abordagens históricas e sociológicas, discutindo as concepções de um Estado arcaico, patriarcal e autoritário e como esses aspectos afetaram diretamente o desenvolvimento no campo. Desse modo, compreende-se que a interação desses condicionantes com o indivíduo ou a coletividade são especificidades de um complexo processo saúde-doença, em que a sensibilidade e a capacidade traumática ou de resistência de determinada população é particular na produção do doente/da doença. A partir de análise da evolução do cenário rural, especialmente no âmbito familiar, das relações interpessoais nos grupos existentes nesse meio, de seus vínculos com o ambiente em que vivem e de sua estrutura prática e econômica é possível perceber a importância de conduzir tais discussões no campo da agricultura familiar, com o propósito de instigar o desenvolvimento em suas diferentes esferas, compreendendo, até mesmo, questões de saúde pública.
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