ULCERAS GASTROINTESTINAIS ASSOCIADAS AO USO DE ANTI-INFLAMATÓRIO NÃO ESTEROIDAL EM BOVINO

RELATO DE CASO

Autores

  • Fernanda Bresolin Universidade Federal da Fronteira Sul - campus Realeza
  • Jane Karlla de Oliveiro Matos Prado
  • Jucemara Madel de Medeiros
  • Rodolfo Neto
  • Leticia Maria Santos Silva
  • Barbara Cardoso de Oliveira
  • Jacqueline de Jesus
  • Gabriela Corrêa de Almeida
  • Juliano Menegoto
  • Leonardo Gruchouskei
  • Fabiana Elias

Resumo

A pecuária leiteira é uma das atividades mais comumente executadas nas propriedades da Agricultura Familiar na região sudoeste do Paraná. O bom desempenho dos bovinos leiteiros e a qualidade do produto produzido, fazem com que a região sudoeste do Paraná seja uma das maiores bacias leiteiras do estado, considerado segundo maior produtor de leite do Brasil. Entretanto, apesar dos bons resultados, o rebanho regional ainda sobre com problemas sanitários. Visto isso, o Laboratório de Patologia Veterinária da Superintendência Unidade Hospitalar Veterinária Universitária da Universidade Federal da Fronteira Sul (SUHVU – UFFS), oferece para produtores e médicos veterinários da região o serviço anatomopatológico, que visa o diagnóstico preciso e definição da causa morte dos animais, com a finalidade de indicar medidas de prevenção e controle de doenças. Desse modo, o objetivo deste trabalho é relatar um caso de úlceras gastrointestinais em bovino leiteiro, em propriedade da agricultura familiar de Realeza. Um bovino, holandês, fêmea, 6 anos, escore de condição corporal 2/5, apresentou histórico de mastite crônica, fezes enegrecidas, apatia e queda na produção. O produtor havia administrado dose superior a recomenda de flunixin meglumine, anti-inflamatório não esteróidal (AINE).  Diante do quadro clínico, o veterinário responsável optou por submeter o animal à eutanásia. Ao exame anatomopatológico, observou-se mucosas acentuadamente hipocoradas, glândula mamária liberando leite com grumos e linfonodos aumentados de volume. A abertura da cavidade abdominal revelou, na camada serosa do intestino delgado, área focalmente extensa avermelhada, com centro necrótico e presença de fibrina na superfície. O exame do trato gastrointestinal mostrou as mucosas do rúmen, retículo, omaso e abomaso, acentuadamente edemaciadas, ceco com úlcera única de aproximadamente 18 centímetros, vermelha, de bordos bem delimitados e áreas centrais necróticas. Lesões semelhantes foram encontradas no abomaso e intestino delgado, evidenciando a enterite ulcerativa multifocal acentuada. Outros achados de necropsia foram endocardite mural multifocal moderada e múltiplos infartos renais, agudos e crônicos. Muitos autores alertam quanto ao uso de AINE’s, pois eles diminuem a produção de muco, pela inibição das enzimas ciclooxigenases, e deixam o trato gastrointestinal mais susceptível a lesões. As úlceras gastrointestinais levam a perda de sangue contínua e podem causar peritonite no caso de perfuradas. O tratamento medicamentoso inclui transfusão sanguínea, antiácidos e protetores de mucosa, porém na bovinocultura deve-se levar em consideração o custo benefício do mesmo.  Além disso, outro fator agravante no quadro do animal, desencadeado pela bacteremia persistente provocada pela mastite crônica, foi a endocardite mural. As massas friáveis da afecção podem perder pequenos fragmentos, que ganham a circulação sistêmica e obstruem outros órgãos, com predileção aos vasos renais e, consequentemente, promovem uma área de infarto. Sendo assim, o exame anatomopatológico se mostrou relevante para confirmar as suspeitas levantadas durante avaliação clínica e para orientar o proprietário sobre a importância de seguir as orientações técnicas do médico veterinário, especialmente quanto ao uso de AINE’s.

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Publicado

24-10-2018

Edição

Seção

Campus Realeza - Projetos de Extensão e Cultura