MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS EM NEONATO CANINO – RELATO DE CASO
Resumo
Malformações congênitas são anomalias que ocorrem no desenvolvimento embrionário e podem ser de origem genética, tais como alterações cromossômicas e gênicas, ou ambiental, decorrentes de agentes infecciosos, químicos, físicos ou nutricionais. A porcentagem de filhotes que nascem com malformação congênita severa suficiente para causar morte está entre 1 a 2%. Este trabalho tem por objetivo relatar a ocorrência de alteração em filhote de fêmea canina, Pinscher, 4 anos, 5,0 kg em trabalho de parto há 24 horas. O tutor relatou que a paciente apresentava contrações e tinha expelido o tampão mucoso há 12 horas e, após, expulsou uma placenta sem nascimento, momento que buscou atendimento. Ao exame obstétrico diagnosticou-se ausência de dilatação cervical e na avaliação ultrassonográfica verificou-se que um dos fetos estava evoluindo para sofrimento fetal, sendo, a paciente encaminhada para ovário-histerectomia terapêutica. A cirurgia foi executada pela técnica das três pinças modificada, sem complicações, com ligaduras duplas no complexo arteriovenoso ovariano e corpo do útero. Quatro neonatos foram entregues a equipe que conduziu a reanimação. Ao exame macroscópico um deles exibia fenda palatina, hipospádia e atresia anal, além de não serem observados reflexos de sucção, anogenital e dor. Os demais fetos não apresentavam malformações. Todos os animais foram encaminhados para a incubadora, sendo os neonatos estimulados a mamar. O afetado ainda não apresentava reflexos, e tinha batimentos cardíacos e movimentos respiratórios diminuídos. Foi orientado ao tutor administrar antibiótico, analgésicos e curativo da ferida cirúrgica da parturiente. Também, manter os filhotes aquecidos, junto a fêmea e, no dia seguinte retornar para avaliação do afetado. Doze horas após o tutor informou que o filhote em questão não foi mais encontrado, que possivelmente tenha sido ingerido pela mãe. As malformações congênitas mais comuns em neonatos caninos são a síndrome do filhote nadador, anasarca, fenda palatina, hipospádia, hidrocefalia e atresia anal, sendo que neste caso foram verificadas três destas simultaneamente. O diagnóstico das alterações deve ser realizado precocemente, e caso possível, iniciar o tratamento a fim de aumentar as possibilidades de cura. Cirurgias de correção de fenda palatina e hipospádia têm mais êxito quando o neonato tem de oito a 16 semanas de idade, momento o qual terá mais resistência, seus tecidos serão menos friáveis e mais fortes, aumentando a probabilidade de sucesso. Entretanto, no caso de atresia anal, o procedimento deve ser realizado o mais rapidamente possível, para evitar a distensão do cólon e reto e danos irreversíveis a estes. Neste caso, a intervenção foi prevista para 12 horas após o nascimento, porém devido ao ocorrido não pode ser realizada. Esta opção foi devido a possibilidade de depressão anestésica que o filhote poderia apresentar, em decorrência da fêmea ter sido submetida à cesariana sob anestesia geral, uma complicação que pode ocorrer nestes casos. Adicionalmente, a ingestão do colostro nas primeiras horas de vida permitiria a imunização passiva do filhote, aumentando as chances de sucesso. Conclui-se que as malformações congênitas em neonatos caninos podem ocorrer e o médico veterinário deve estar preparado para identificar e tratar estas alterações precocemente.
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