A brincadeira como construção histórica e social:
o papel das/os profissionais de educação infantil
Resumo
Este trabalho resultou de uma síntese reflexiva sobre o brincar na educação infantil, produzida no primeiro semestre de 2018 no âmbito do componente curricular de Ação Pedagógica na Educação Infantil II, no curso de Pedagogia da Universidade Federal da Fronteira, campus Chapecó, em que buscamos discorrer sobre os conceitos trabalhados em aula, a partir de estudos de produções teóricas, discussões em sala, relatos de experiência apresentados pela professora e exemplos trazidos pelas acadêmicas. Ao longo do trabalho, contextualizamos historicamente as perspectivas sobre a brincadeira no decorrer dos séculos. Para Aristóteles (385 a. C.), Tomás de Aquino (XIII) e outros filósofos, o jogo era concebido como um momento de recreação ou repouso, algo a ser feito antes de retomar as atividades pedagógicas. Em Quintiliano (I) e Erasmo (XVI) encontra-se a ideia de que o jogo seria somente um suporte ou um meio de ensino-aprendizagem. Essas visões tinham em comum uma compreensão de que a brincadeira em si mesma tinha pouca importância, contribuindo para a construção de uma dicotomia entre brincadeira e atividades pedagógicas. A visão de criança como um vir-a-ser e a concepção de brincadeira como algo inato, nortearam os estudos até o início do século XX, quando Lev S. Vigotskii a partir de uma perspectiva histórico-cultural, rompe com a visão que concebe a brincadeira como atividade natural de satisfação de instintos infantis, e a apresenta como atividade psicológica derivada das relações sociais, e um espaço de apropriação de instrumentos e signos sociais. Para o autor os processos de criação se expressam melhor nas brincadeiras, mais especificamente na imitação, concebida por ele como uma reelaboração criativa da criança, a partir de seus anseios. Mais recentemente, pesquisas como as de Gilles Brougère (1995) e Angela Borba (2005) também afirmam que a brincadeira é aprendida e desenvolvida social e culturalmente, que é um fenômeno da cultura, além de um espaço de socialização, de domínio da relação com o outro, de apropriação da cultura, de exercício da decisão e da invenção. A partir da compreensão de que o brincar pressupõe uma aprendizagem social, amplia interações sociais e repertórios culturais, contribui para a constituição dos processos de criação e imaginação, percebemos a importância do papel das professoras e dos professores de educação infantil. Por outro lado, como salienta Brougère (1995), a brincadeira pode ser um lugar de conformismo e adaptação à cultura, exigindo das/os profissionais uma visão emancipatória que desestabilize estereótipos e preconceitos de classe, gênero, etnia, entre outros.
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