A Questão Urbana em Maravilha (SC)
Aspectos do processo inicial de verticalização
Resumo
O espaço urbano capitalista, como palco de intensas disputas pelo seu domínio, resulta em processos espaciais como a verticalização, sendo fruto de ações intencionadas a fim de controlar e favorecer a lógica da dominação e do controle do espaço, principalmente no que se refere à localização. No contexto das dinâmicas e transformações que acontecem dentro, fora e inter-relacionando diferentes espaços urbanos, destaca-se o processo de verticalização que, nos últimos anos, vem alterando não somente a morfologia, mas também as relações funcionais das diferentes e distintas áreas das cidades. A verticalização, como prática que visa a otimização do uso do solo urbano por meio do aumento do potencial construtivo em número de pavimentos, viabiliza maior remuneração do capital construtivo (especialmente empreiteiras e incorporadores imobiliários), além de aumentar a densidade da ocupação e, na opinião de alguns, ser símbolo de modernidade e alto status. Por outro lado, afeta a intensidade do uso da infraestrutura urbana, por isso deve ser alvo de especial atenção da legislação urbana. Este trabalho tem por objetivo compreender a dinâmica do processo de verticalização urbana no município de Maravilha, oeste de Santa Catarina, este que se encontra em fase inicial de desenvolvimento. Para o desenvolvimento deste trabalho, de início foi realizado levantamento bibliográfico para compreender os diferentes aspectos do processo de verticalização urbana; levantamento de campo para coleta de informações e entrevistas com moradores para compreender a visão deles perante o processo de surgimento dos prédios na cidade. Com o auxílio de smarthphone e aplicativo específico, efetuou-se também o mapeamento dos edifícios com quatro ou mais pavimentos e a identificação de seu padrão de uso: comercial, residencial ou misto com o intuito de gerar um mapa de espacialização dos mesmos. Em relação à localização dos edifícios, verificou-se uma concentração na área central da cidade, principalmente ao longo da Rua Prefeito Albino Cerutti Cella e das Avenidas Sul Brasil, Sete de Setembro e Araucária. Predominam edifícios de função mista, com primeiro e segundo pavimento destinados a uso comercial e os restantes de uso residencial. Cabe ressaltar que a maior parte dos edifícios possuem menos de dez pavimentos e que são mais antigos. Os moradores entrevistados concordam que a verticalização apresenta uma nova visão de cidade: “Agora ficou mais bonita, agora a cidade tem mais cara de cidade, antes parecia uma vila” (Morador 1). Além de transmitir uma visão de modernidade, os edifícios também são indicadores de status para quem reside neles: “Sim, na verdade ele altera a paisagem e altera a visão que você tem da cidade, mas privilegia quem mora nele pois vê toda a cidade de cima” (Morador 2). O que induz a concentração de edifícios na área central da cidade é a infraestrutura privilegiada que essa região apresenta em detrimento dos demais locais, e talvez estas vantagens, que na verdade são direitos, sejam um dos atenuantes para a atração do crescimento vertical. Este trabalho, portanto, se apresenta como uma tentativa de compreensão das dinâmicas e processos que ocorrem nos diferentes espaços urbanos, buscando compreender como o processo inicial de verticalização constitui-se e se reproduz principalmente de pequenas cidades, como é o caso de Maravilha.
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Submeto o trabalho apresentado como texto original à Comissão Editorial do XIII SEPE e concordo que os direitos autorais, a ele referente, se torne propriedade do Anais do XIII SEPE da UFFS.