Pobreza Rural

Intersecções entre extensão rural, desenvolvimento e gênero.

Autores

  • Bruna Luísa Szast Universidade Federal da Fronteira Sul - campus Erechim.

Resumo

No Brasil, os altos índices de pobreza rural fizeram surgir no fim dos anos 40 as instituições de ATERs, responsáveis pelos serviços de extensão rural. Tais serviços visavam/visam a implementação de técnicas que buscam diminuir os altos índices da pobreza, através do desenvolvimento e do aprimoramento das técnicas de trabalho no campo. Desde o seu surgimento, a EMATER (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) já teve diferentes objetivos e métodos de inserção nas comunidades rurais, sendo que sua última reformulação em 2004, esta colocou a agricultura familiar e a agroecologia como cernes do serviço de extensão. Este trabalho, tem como objetivo analisar como a extensão rural afeta a vida dos trabalhadores rurais, em especial de mulheres camponesas do Distrito de Capo-Erê, no município de Erechim-RS. A etnografia e a observação participante foram as metodologias utilizadas para realização do trabalho e foi feita uma revisão bibliográfica sobre as instituições de extensão rural e dos relatórios de pobreza rural no Brasil. A base teórica sobre desenvolvimento tem dois autores principais: (1) Gustavo Lins Ribeiro e seu artigo Poder, redes e ideologia no campo do desenvolvimento (2008) e (2) Amartya Sen e seu livro Desenvolvimento como Liberdade (1998). Os resultados mostram que em determinados períodos da história brasileira as instituições de extensão rural apoiaram-se em um conceito de desenvolvimento eurocêntrico, muitas vezes, sem significância para os assistidos e eventualmente adotam estereótipos de um “bom” agricultor coerente com o imaginário vinculado ao agronegócio. Quando voltamo-nos para o caso das mulheres camponesas do Distrito de Capo-Erê, é nos cursos de extensão que estes estereótipos ficam mais visíveis, principalmente na relação entre fazer e vender os produtos que as percepções de gênero emergem. Conclui-se assim que, pelos índices desde sua criação a extensão rural pode ter influenciado na diminuição dos índices de pobreza rural, especialmente depois da reformulação dos seus objetivos em 2004. Entretanto, no caso analisado, faz-se necessário pensar os cursos de extensão e a assistência técnica a partir das necessidades dos assistidos da localidade, o que reflete diretamente na participação das atividades e na adoção das novas técnicas. Para tal, seguir as novas diretrizes de 2004 da agroecologia e incentivo da agricultura familiar pode ser fundamental para promover uma melhor interação entre extensionistas e assistidos.

Biografia do Autor

  • Bruna Luísa Szast, Universidade Federal da Fronteira Sul - campus Erechim.

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Publicado

21-09-2018

Edição

Seção

Campus Erechim - Projetos de Ensino