A INSERÇÃO DE PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES DENTRO DO CURSO DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL, CAMPUS CHAPECÓ:
UM RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE MEDICINA ANTROPOSÓFICA
Resumo
O campo das Práticas Integrativas e Complementares (PICs) abrange diversos sistemas médicos e modalidades terapêuticas com abordagens para promoção da saúde, prevenção e recuperação de injúrias; sistematizados com foco em escuta acolhedora, formação de vínculo terapêutico e assimilação indivíduo-ambiente-sociedade, sob a ótica ampliada do sistema saúde-doença e fomento do cuidado e autocuidado humano. Nesse sentido, a formulação de um componente optativo dentro do curso de medicina teve como objetivo introduzir os alunos do curso a esses métodos variegados à medicina alopática classicamente lecionada na formação, como método de informação e complementação da abordagem tradicional de cuidado classicamente apresentada aos acadêmicos do curso. Consistindo de etapas teóricas, com rodas de conversa, e etapas práticas de vivência de algumas terapias complementares, o componente propiciou um desbravamento, por parte dos alunos, não apenas para conhecer aspectos teóricos das práticas, mas também para colocar-se em lugar de paciente, explorando os efeitos de cada uma delas. Procurou-se, a partir disso, formular um relato de experiência sobre Medicina Antroposófica dentro desse contexto. O método de Roda de Conversa constituiu uma forma diferente de construção do acervo cognitivo por exceder a metodología tradicional de aula expositiva; tornando o processo de aprendizagem mais dinâmico e abrangente, proporcionando não apenas memorização das informações, mas exploração de diferentes pontos de vista sobre e construção de juízo crítico ao redor do tema. Assim sendo, a troca de saberes proporcionou o entendimento de que a Medicina Antroposófica é um sistema terapêutico integrativo e complementar que adiciona à medicina biologicista; enquanto a etapa prática consistiu em uma participação em dança circular, parte do rol de ações dessa Medicina. Surgida no início do século XX, na Europa, através de um grupo médico liderado por Dra. Ita Wegman e filósofo Rudolf Steiner, sua prática hoje está inserida em mais de 60 países; incluída no sistema de saúde oficial de algumas nações, além de fazer parte das cadeiras acadêmicas e em pesquisas de universidades. Sua prática envolve generalistas ou especialistas, que complementam seu conhecimento com a imagem antroposófica, através de uma formação que pode durar entre 2 e 5 anos. Além disso, atua de forma interdisciplinar com outras áreas da saúde, como Odontologia Ampliada pela Antroposofia, Psicologia Antroposófica, Euritmia terapêutica, Massagem Rítmica, Terapia Artística Antroposófica, Aconselhamento Biográfico, entre outras. Foi concluído que o conhecimento sobre Medicina Antroposófica pode auxiliar no processo de ensino-aprendizagem na formação médica atual ao facilitar seu foco na integralidade, um dos pilares do Sistema Único de Saúde (SUS), sobretudo, quando apresentada às quatro principais proposições dos trabalhos de Steiner para a medicina: (1) crítica ao modelo de ciência materialista; (2) trimembração e quadrimembração antroposóficas na interpretação do processo saúde-adoecimento; (3) novos tratamentos pesquisados a partir da integração entre ser humano e natureza; e (4) relação entre desenvolvimento moral e formação técnica-científica na educação médica. Explorando e discutindo tais proposições, cada acadêmico pôde apoderar-se da visão holística da antroposofia e aproximar-se mais de uma formação médica mais humana, preconizada pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN’s).
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