O Dilema da araucária: de símbolo visual à espécie ameaçada
Resumo
A emancipação tardia do Paraná perante São Paulo, em 1853, e a perda de parte do território paranaense para Santa Catarina na Disputa do Contestado (1912-1916), fomentaram um movimento regionalista para construção identitária do estado – o Movimento Paranista. Vários intelectuais, políticos e artistas do final do século XIX e início do século XX trabalharam na “invenção de uma tradição paranaense”. Para criação de um imaginário popular utilizaram-se das artes visuais com o intuito de alfabetização visual não formal. Os elementos iconográficos foram criados em uma linguagem regional de forte teor panfletário para o estímulo do local. Dentre os símbolos eleitos destaca-se a Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze, 1898 (Araucariaceae), tanto o pinheiro, quanto a pinha e o pinhão. O pinheiro-do-Paraná é a espécie arbórea dominante da Floresta Ombrófila Mista, que originalmente cobria cerca de 37% do estado. Atualmente, restringe-se a menos de 1%, restrita a fragmentos espacialmente dispersos, altamente perturbados, isolados e pouco protegidos. Entretanto, a araucária continua sendo amplamente utilizada visualmente em todo o estado, seja em representações oficiais ou da cultura popular local, mesmo que naturalmente não ocorresse em todo o estado. Assim, a dimensão estética e simbólica criada no Movimento Paranista criaram um terreno comum de identificação cultural no estado, cravando suas raízes no imaginário popular, sem, todavia, representar um avanço para a conservação da espécie. As escolas paranaenses continuam reproduzindo um conhecimento imagético relacionado ao movimento, sem contextualizá-lo historicamente. A história sobre o movimento e seus símbolos é desconhecida de grande parcela da população do estado, em um paradoxo de adoção do simbolismo visual, mas com desconhecimento de suas origens e ampla degradação da espécie.
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