CUIDADO EM LIBERDADE: ELZA, A MULHER DO FIM DO MUNDO

Autores

  • Marina Pitagoras Lazaretto Universidade Federal da Fronteira Sul Passo Fundo
  • Gabriela Marodin Universidade Federal da fronteira Sul
  • Vanderléia Laodete Pulga Universidade Federal da Fronteira Sul

Palavras-chave:

Saúde Mental, Interdisciplinariede, Acolhimento

Resumo

A aprovação da lei da Reforma Psiquiátrica em 2001, foi um marco no Brasil, pois apontou grandes mudanças no campo da saúde mental. Contrapondo um modelo de cuidado higienista, excludente e moralista, a lei propõe a reorganização do cuidado, trazendo questões como a garantia dos direitos humanos, a não descriminalização e a reinserção social dos sujeitos. O cuidado em saúde mental passa a ser pensado em liberdade, utilizando-se portanto, das diferentes tecnologias e dispositivos da rede de saúde, garantindo a autonomia, acolhimento e fortalecimento dos usuários. Com uma rede organizada através da perspectiva de complexidade, os usuários que acessam o serviço de saúde iniciam seu itinerário de cuidado na rede de Atenção Básica, onde serão acolhidos e devidamente encaminhados aos diversos serviços, caso necessário. A demanda da AB é por essência plural e diversa, desafiando as equipes de saúde a todo tempo reinventar suas práticas de cuidado. A paciente de nome fictício, Elza, procurou a ESF para atendimento por estar apresentando sintomas de ansiedade bastante agravados. Conforme os atendimentos foram acontecendo, a usuária revelou história de vida marcada por diferentes tipos de violência, desilusões amorosas e problemas de saúde em todas as suas gestações ( mãe de 4 filhos). Em um dos seus relatos, revelou que havia marcado uma data e organizado um local para concretização da sua ideação. Ao acolher e realizar escuta da paciente, iniciou-se rapidamente a construção de um plano terapêutico para cuidá-la de forma que utilizássemos outras estratégias além das convencionais (internação ou medicalização). O caso foi então compartilhado com a equipe em reunião, bem como no momento de matriciamento. Além disso incluiu-se no plano de cuidado o envolvimento dos demais profissionais da equipe como enfermeira, psicóloga, médico, agente comunitária de saúde, farmacêutica e também os familiares (marido e filhas). Realizou-se acolhimento psicológico duas vezes por semana, visita domiciliar multidisciplinar, consulta com médico psiquiatra, acompanhamento com o médico da ESF, bem como, tentativas de vinculação da paciente em outras atividades disponíveis da ESF. A partir desses movimentos, a equipe conseguiu vivenciar concretamente a possibilidade de cuidar em liberdade e teve acesso a experiência de desenvolver cuidado em saúde de forma coletiva, respeitando as decisões e a autonomia de Elza e os seus limites enquanto profissionais. Elza, mantém o vínculo fortalecido até hoje com os profissionais da ESF e está superando as adversidades da sua vida de maneira mais fortalecida com sua família. O cuidado em liberdade foi possível, é necessário que aconteça e garante a dignidade humana.

Biografia do Autor

  • Marina Pitagoras Lazaretto, Universidade Federal da Fronteira Sul Passo Fundo
    Residente do Programa de Residencia Multiprofisisonal
  • Gabriela Marodin, Universidade Federal da fronteira Sul
    Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde
  • Vanderléia Laodete Pulga, Universidade Federal da Fronteira Sul
    Coordendanora do Programa de Residencia Multiprofissional em Saúde

Downloads

Publicado

30-11-2017

Edição

Seção

Campus Passo Fundo - Projetos de Extensão e Cultura