CONCORDÂNCIA ENTRE DOIS CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO CARDIOVASCULAR PELA RELAÇÃO CINTURA-QUADRIL EM ADULTOS ATENDIDOS EM UMA CLÍNICA-ESCOLA DE NUTRIÇÃO.
Resumo
Introdução: A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica o uso da antropometria para a vigilância dos fatores de risco para doenças crônicas, podendo ser utilizadas medidas antropométricas simples, como a circunferência abdominal e a razão cintura/quadril (RCQ), que demonstram ser adequadas para estimar a quantidade de gordura abdominal. Objetivo: Investigar a concordância entre dois critérios de classificação do risco de doença cardiovascular através da RCQ em adultos. Materiais e métodos: Os dados foram coletados no período de maio a julho de 2017, em pacientes adultos (20 a 59 anos) atendidos na Clínica-Escola de Nutrição da UFFS, com a aprovação do comitê de ética da Universidade Federal da Fronteira Sul sob o parecer nº 980.593. Foram realizadas duas classificações, a classificação da OMS (1997) com o ponte de corte para RCQ para homens de <1 (sem risco) >1 (risco) e para mulheres <0,85 (sem risco) e >0,85 (risco). E a classificação de Bray e Gray (1988) com os seguintes pontos de corte, dividos por sexo e faixa etária: homens de 20 a 29 anos (<0,83 baixo risco, 0,83 a 0,88 moderado, 0,89 a 0,94 alto risco e >0,94 mais alto); 30 a 39 anos (<0,84 baixo risco, 0,84 a 0,91 moderado, 0,92 a 0,96 alto risco e >0,96 mais alto; 40 a 49 anos <0,88 baixo risco, 0,88 a 0,95 moderado, 0,96 a 1,00 alto risco e >1,00 mais alto; 50 a 59 anos <0,90 baixo risco, 0,90 a 0,96 moderado, 0,97 a 1,02 alto risco e >1,02 mais alto); 60 a 69 anos (<0,91 baixo risco, 0,91 a 0,98 moderado, 0,99 a 1,03 alto risco e >1,03 mais alto) e mulheres: 20 a 29 anos (<0,71 baixo risco, 0,71 a 0,77 moderado, 0,78 a 0,82 alto risco e >0,82 mais alto); 30 a 39 anos (<0,72 baixo risco, 0,72 a 0,78 moderado, 0,79 a 0,84 alto risco e >0,84 mais alto); 40 a 49 anos (<0,73 baixo risco, 0,73 a 0,79 moderado, 0,80 a 0,87 alto risco e >0,87 mais alto); 50 a 59 anos(<0,74 baixo risco, 0,74 a 0,81 moderado, 0,82 a 0,88 alto risco e >0,88 mais alto); 60 a 69 anos (<0,76 baixo risco, 0,76 a 0,83 moderado, 0,84 a 0,90 alto risco e >0,90 mais alto). Utilizou-se a estatística Kappa na avaliação da concordância das classificações (significativo quando p<0,05). O valor de Kappa foi interpretado da seguinte forma: Kappa <0,40, pouca concordância; Kappa entre 0,40 e 0,75, boa concordância; Kappa>0,75, concordância excelente. Para essa análise estatística foi necessário agrupar risco moderado, alto e muito alto da classificação de Bray e Gray como risco. A classificação de baixo risco foi denominada como sem risco. Analisaram-se os dados por meio do software PASW Statistic 18. Resultados: Foram analisados 71 pacientes adultos, com a idade média de 35 anos, sendo 72% (n=51) do sexo feminino e 28% (n=20) masculino. Na classificação da OMS, 12,7% foram classificados com risco e 87,3% sem risco. Em relação à Bray e Gray, 71,8% foram classificados com risco e 28,2% sem risco. Quando analisadas as duas classificações concomitantemente, 12,7% (n=9) foram classificados com risco e 28,2% (n=20) sem risco. A concordância através do índice de Kappa entre a classificação de Bray e Gray e a classificação proposta por OMS mostrou-se significativamente estatística (p=0,044). O valor de Kappa foi de 0,10, sendo considerado como pouca concordância. Conclusão: A pouca concordância encontrada entre as duas classificações, neste estudo, pode gerar divergências no diagnóstico de risco de DCV em adultos através da RCQ, podendo dificultar a comparação entre estudos. Sugere-se que sejam realizadas mais investigações que utilizam esses critérios como classificação para RCQ.
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Submeto o trabalho apresentado como texto original à Comissão Editorial do XIII SEPE e concordo que os direitos autorais, a ele referente, se torne propriedade do Anais do XIII SEPE da UFFS.