VIVÊNCIA NA SECRETARIA ESPECIAL DE SAÚDE INDÍGENA - SESAI: UM OLHAR A PARTIR DO VER-SUS OESTE CATARINENSE

Resumo

O projeto Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde (VER-SUS/Brasil) criado pelo Ministério da Saúde tem como objetivo a reorientação da formação  acadêmica de diversas áreas do conhecimento para atuação e militância perante o  Sistema Único de Saúde – SUS. Para tal finalidade, o projeto VER-SUS busca inserir metodologias ativas de ensino e aprendizagem utilizando-se de debates e vivências que buscam uma reflexão crítica sobre a atual conjuntura de funcionamento do SUS. Neste sentido, o objetivo do presente trabalho é apresentar um relato acerca de uma vivência na 5ª edição do projeto VER-SUS Oeste Catarinense, realizada em Julho de 2016. Essa edição foi marcada pelo tema central intitulado “Política, Cidadania e Cultura: Respeito às diversidades”. Participaram cerca de 80 estudantes de cerca de diversas áreas do conhecimento, os quais foram divididos em subgrupos com diferentes temas contemplados na temática central. Cada subgrupo era composto por Viventes e um Facilitador - estudante que já teve experiência no projeto e se responsabiliza por gerar inquietações e nortear o grupo. O grupo com a temática “Saúde Indígena” era composto por sete estudantes, dos cursos de Odontologia, Enfermagem, Medicina, Fonoaudiologia, Psicologia e Biomedicina de 5 universidades de Santa Catarina, sendo elas - UNOCHAPECÓ, UFSC, UNIVALI, CELER e UFFS, onde tiveram a oportunidade de realizar a vivência na Secretaria Especial de Saúde Indígena - SESAI em Chapecó-SC. O SESAI foi criado em 2010, vinculado ao Ministério da Saúde e desempenha atividades de cunho administrativo da saúde indígena. Conta com 34 distritos em todo o país, de acordo com a divisão de grupos étnicos.  Chapecó é a cidade polo para o distrito que contempla toda a região, que vai até o município de Seara. Neste distrito são atendidos cerca de 760 pessoas. Os atendimentos pelo SESAI em Chapecó são diários, enquanto em outros municípios, ocorre uma vez por semana em período integral. A secretaria conta com parceria de empresas para a promoção de saúde indígena, entre eles a EPAGRI, a qual auxilia na educação alimentar, oferecendo cursos de reaproveitamento de alimentos. Também a Pastoral da Criança, com doação de roupas e mantimentos e o Programa Mesa Brasil SESC, que é uma rede nacional de banco de alimentos. Outra parceria estabelecida é com a CAIXA Econômica Federal, com programas como o “Minha Casa, Minha Vida”. A secretaria representa um avanço para a população indígena, pois surgiu a partir de reivindicações durante as Conferências Nacionais de Saúde Indígena. No entanto, observa-se que, a gestão e a administração da saúde em todas as esferas é complexa e burocrática, pois envolve atenção integral, desde educação à condições de moradia. A vivência nesse espaço possibilitou aos estudantes envolvidos um intercâmbio social relevante para a formação acadêmica, possibilitando inúmeras reflexões.  Atividades que promovam a interculturalidade como essa, devem ganhar mais destaque na formação acadêmica, independente da área do conhecimento, pois são nesses momentos que  os estudantes passam a se perceber dentro de uma dinâmica sociopolítica, refletindo assim, sobre culturas distintas da sua.