DEMOCRATIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO?
Palavras-chave:
Ensino, Democratização da educação, EscolaResumo
As reflexões deste artigo são resultado de um projeto de ensino desenvolvido na disciplina de Fundamentos da Educação, no qual os acadêmicos foram desafiados a elaborar um ensaio textual com o tema geral: os desafios históricos e atuais da democratização da escola pública e da formação docente. O ensaio foi elaborado com base nos estudos bibliográficos das aulas e dos seminários sobre os principais educadores brasileiros. A proposta do ensaio se apresenta em uma tentativa de compreender e pensar criticamente o atual cenário da educação brasileira baseando-se em conceitos pedagógicos. O objetivo deste resumo é apresentar algumas reflexões a respeito dos processos históricos envolvendo a democratização da educação, partindo da Grécia Antiga até os dias atuais. O sistema educacional grego proposto por Platão, ideal de formação denominado Paideia, procurava desenvolver o homem em todas as suas potencialidades para o bem estar da pólis. Tal sistema visava selecionar os cidadãos para que ocupassem uma posição social de acordo com as suas habilidades. Somente aqueles que permanecessem até o final do processo educativo estariam aptos para serem governantes. Este modelo educacional só era acessível às elites, portanto, muito diferente do que hoje se entende por democracia. Na Idade Média, o modelo educacional estava vinculado à Igreja, que determinava tanto o ideal educativo quanto as práticas de formação. As escolas funcionavam junto das catedrais ou dentro de mosteiros. No final desse período, surgem as universidades, mas apenas tinham acesso a elas aqueles com condições de pagarem pela educação. Aos camponeses e artesões, que não possuíam tais condições, restava-lhes a formação pelo trabalho. A modernidade inicia-se com características diferentes da anterior, trazendo uma pedagogia que buscava a emancipação, ou seja, a liberdade das classes. Neste contexto, Comênio defende uma escola para todos e Kant argumenta em defesa de uma formação para a autonomia, do cidadão emancipado, pressuposto para a realização efetiva da democracia. Até os meados do século XX, acreditava-se que a educação era a forma de criar uma sociedade justa, moderna e democrática. Entretanto, na década de 1960, Bourdieu apresenta uma interpretação crítica de que a escola reproduz e legitima a desigualdade social, identificando uma relação entre o desempenho escolar e a classe social. Um aspecto relevante desta relação é a herança cultural de cada família, pois aquelas de elevado capital cultural investiriam mais na escolarização, visando carreiras mais longas e valorizadas, enquanto aquelas de elevado capital econômico buscariam as escolas conceituadas como forma de legitimar o acesso às posições de controle já conquistadas. Historicamente, a democratização do ensino mundial vem buscando modelos e formas de educar os homens conforme as necessidades da sociedade em que vive. E no Brasil, não é diferente, pois, tanto a democracia quanto a qualidade da escola pública deixam muito a desejar. Ainda temos muito a melhorar: desde a melhoria no investimento em infraestrutura dos estabelecimentos de ensino até um corpo docente valorizado e bem remunerado.
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