O USO DA LÍNGUA INDÍGENA NO CONTEXTO SOCIAL
Palavras-chave:
Línguas Indígenas, Línguas Minoritárias, Diversidade Linguística.Resumo
A diversidade linguística existente em nosso país é fruto dos diferentes povos e culturas que aqui convivem. Sendo o português a língua majoritária, as demais línguas, chamadas de línguas minoritárias, lutam constantemente para sobreviverem em um país que se considera monolíngue. Desta forma, o presente trabalho, fruto de uma pesquisa inserida no projeto Atlas das Línguas em Contato na Fronteira (ALCF), realizada na Terra Indígena Guarita[1], com um grupo de indígenas Guarani e outro Kaingang, procura identificar quando, como e onde a variedade linguística indígena é usada pela comunidade indígena, assim como quando, como e onde é usada fora da comunidade, para que se possa verificar se o português tem tomado lugar da língua indígena na comunidade indígena investigada. Desta forma, foram entrevistados 16 informantes, dos quais oito indígenas Guarani e oito indígenas Kaingang. Os dados foram coletados e analisados nos moldes teóricos metodológicos da Dialetologia Pluridimensional e Relacional, metodologia esta que busca investigar um número expressivo de variantes linguísticas, em vários locais (pontos analisados) sempre que possível, constituindo um grande espaço, considerando ainda, as variantes extralinguísticas (alojadas em dimensões), além de relacionar os dados encontrados com as dimensões, o que a caracteriza como relacional. Foram consideradas as dimensões diatópica, diastrática, (definidas a partir do contexto de cada um dos grupos, como: topodinâmicos (Td), e topostáticos (Ts)), diageracional (Geração II (GII), informantes com 52 anos ou mais, e Geração I (GI), informantes de 18 a 36 anos) e diassexual (informantes do sexo masculino-M e feminino-F). Usamos alguns requisitos na seleção dos informantes: primeiramente, os informantes precisavam contemplar as particularidades de cada uma das dimensões, além de terem nascido na TIG e nas cidades de Tenente Portela e Redentora ou ter vivido pelo menos ¾ da vida e residir nesses locais atualmente. Para a coleta de dados aplicamos um questionário aos informantes. Assim, primeiramente descobrimos que parte dos informantes já não usa mais a língua indígena em seus lares, como parte do grupo feminino Kaingang, TdGII-F, TsGII-F e TsGI-F, e o grupo Td Guarani, o que significa que utilizam o português em todos os momentos e lugares. Já os demais informantes bilíngues ou monolíngues (na língua indígena) usam a referida língua nas conversas com a família (em suas casas), com vizinhos e com a comunidade. As crianças, mesmo as que não dominam a língua indígena, seja Kaingang ou Guarani, tem contato com o idioma na escola. Já quando se encontram fora da TI, verificou-se que aqueles que dominam a variedade indígena a utilizam entre si, mas com o fóg/juruá[2] utilizam a variedade do português para negociar a venda de artesanatos e também quando vão aos estabelecimentos comercias para adquirir produtos alimentícios, de vestuário e outros serviços. Isso acontece, pois, o comércio local e regional não domina a língua indígena, nem demonstra interesse em atender os indígenas em sua variedade linguística[1] Doravante TIG.
[2] Fóg significa não indígena em Kaingang e Juruá significa não indígena em Guarani.
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Publicado
14-02-2018
Edição
Seção
Campus Chapecó - Projetos de Pesquisa
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