FATORES LIMITANTES NO ATENDIMENTO À SAÚDE E NA QUALIDADE DE VIDA DA POPULAÇÃO HAITIANA ANALISADOS ATRAVÉS DE UM PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

Autores

  • Bruno da Rocha Nunes Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Realeza

Palavras-chave:

Extensão Universitária

Resumo

Considerada a capital da agroindústria brasileira, a cidade de Chapecó, no Estado de Santa Catarina, caracteriza-se por empregar milhares de seus habitantes em empresas processadoras e exportadoras de carnes, como a Brasil Foods S.A. e a Cooperativa Aurora Alimentos. Tal fato despertou o interesse de milhares de imigrantes haitianos que, depois de terem seu país destruído por catástrofes naturais, viram o Brasil como uma oportunidade de recomeço e melhoria da qualidade de vida. O objetivo deste resumo é explicitar como o projeto de extensão Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde do Brasil (VERSUS), realizado no município de Chapecó, contribuiu para que seus participantes conhecessem a realidade diária dos imigrantes haitianos na cidade, sobretudo nos aspectos relacionados à saúde, interculturalidade e discriminação. O projeto aconteceu no período de 15 a 22 de julho de 2016 e os participantes tiveram, como campo de pesquisa, locais direta ou indiretamente relacionados ao dia a dia dos imigrantes, sendo eles: o Centro de Saúde da Família (CSF) de um bairro com uma alta população de haitianos; uma organização não-governamental (ONG) de apoio à prevenção à AIDS e a Cooperativa Aurora Alimentos, que emprega dezenas de haitianos. Durante a pesquisa, foram utilizados métodos observacionais, olhando a partir de um ângulo descritivo. Em cada um dos locais, um profissional recepcionou os participantes do projeto e apresentou as instalações. Os participantes registraram as informações concomitantemente à entrevista, por meio de anotações em blocos de notas e, também, digitadas em um software de edição de textos, através de notebooks. No Centro de Saúde da Família, notou-se que a comunicação é um fator limitante no atendimento à saúde dos haitianos, sobretudo com as mulheres, visto que estas têm maior dificuldade em aprender a Língua Portuguesa, pois não têm o hábito de se comunicar com os brasileiros e desenvolver o idioma. Na ONG, desmistificou-se os boatos de que os imigrantes trouxeram, de seus países, infecções sexualmente transmissíveis e esclareceu-se que, de acordo com os registros da ONG, não há relação entre os casos de AIDS no município com a população haitiana. No último local visitado, a Cooperativa Aurora Alimentos, é notória a preocupação da Cooperativa com a acessibilidade, visto que, durante a visitação, percebeu-se que para cada placa de sinalização, indicando locais e instruções escritas em Português, havia outra placa correspondente com escrita em Francês (idioma oficial do Haiti, junto com o Crioulo). Desse modo, conclui-se que a comunicação, como fator cultural, atua como limitadora na prestação de serviços de saúde à população haitiana; que demanda-se a desconstrução de preconceitos, demonstrando, inclusive, que não há associação científica de que os imigrantes “trouxeram doenças” de seus países de origem para o município de Chapecó e que a acessibilidade é imprescindível para uma adaptação destas pessoas no Brasil.

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Publicado

30-11-2017

Edição

Seção

Campus Realeza - Projetos de Extensão e Cultura