EFEITOS DO COMPOSTO ORGANOFOSFORADO ACEFATO NA HISTOLOGIA BRANQUIAL DO PEIXE RHAMDIA QUELEN
Palavras-chave:
Agrotóxico, Organofosforado, Jundiá, Histologia.Resumo
O uso de agrotóxicos no combate às pragas que dificultam o desenvolvimento dos cultivos agrícolas é cada vez mais intenso. Um dos agrotóxicos mais utilizados é o inseticida organofosforado Acefato, que quando utilizado de forma inadequada em plantações próximas à rios e corpos hídricos, acaba por atingir o ambiente hídrico por meio do processo de lixiviação. O objetivo deste trabalho foi identificar as alterações na estrutura branquial de jundiá (Rhamdia quelen) submetidos ao composto acefato. Em um delineamento inteiramente casualizado (DIC), 60 peixes da espécie R. quelen foram aclimatados durante 7 dias em 5 aquários de 50 L contendo água não clorada, em temperatura de 26 ºC, fotoperíodo 12/12 h, troca diária de 30% de água e aeração constante. Os animais foram submetidos ao organofosforado Acefato em concentrações de 0,1 mg.L-1, 10 mg.L-1, 100 mg.L-1, 1000 mg.L-1. Após 24 horas foram coletados os segundos arcos branquiais esquerdos, fixados em ALFAC (etanol, formol e ácido acético), seguido de processamento histológico através de série crescente de álcool, xilol, inclusão em parafina, corte em micrótomo, coloração com hematoxilina e eosina e análise em microscópio óptico. Os animais controles apresentaram estrutura branquial padrão, com lamelas respiratórias formadas de epitélio branquial com uma ou duas camadas de células achatadas revestindo o espaço sanguíneo mantido pelas células pilares. Foram observadas alterações histológicas nas brânquias dos animais submetidos ao acefato representadas por hipertrofia das células epiteliais e aneurismas em todas as concentrações testadas e hiperplasia em epitélio branquial de animais submetidos a 1000 mg.L-1 de acefato. As alterações de hipertrofia e hiperplasia estão relacionadas a respostas ao agente contaminante aumentando a distância entre o composto presente na água e a corrente sanguínea, porém estas respostas causam uma alteração na capacidade respiratória, dificultando a entrada de oxigênio na corrente sanguínea. O aneurisma indica que o composto causa distúrbio circulatório ou afeta diretamente as células pilares. Em ambas as possibilidades, esta alteração na estrutura branquial afeta a capacidade respiratória, pois ocorre uma diminuição do fluxo sanguíneo no local. Apesar de não ter ocorrido mortalidade entre os animais contaminados com acefato, os resultados demonstram que o composto desencadeia alterações morfológicas que podem afetar a capacidade respiratória, podendo causar diminuição do desempenho fisiológico e, portanto, da capacidade de crescimento e sobrevivência a longo prazo.
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