A FORMAÇÃO DA CULTURA, PERSONALIDADE E CONDUTA DA SOCIEDADE BRASILEIRA
Palavras-chave:
Cultura. Sociedade. Política. Educação.Resumo
A formação do Brasil foi fortemente marcada pela contradição que se instalou no país, com uma sociedade escravista comandada por indivíduos que “ostentavam” ideais liberais europeus não correspondentes aos originais. Para Schwarz (2009) as ideias estavam “fora do lugar”. Logo, para delimitar algumas das características da formação da cultura brasileira, este ensaio teórico busca analisar as contribuições elaboradas por Roberto Schwarz (2009), Alberto Carlos Almeida (2007) e Jessé Souza (2001). Os resultados mostram que, o latifúndio escravista e o mercado externo coexistiam em um ambiente de recente independência brasileira em nome de ideais franceses, ingleses e americanos, ao mesmo tempo que a racionalização do trabalho no processo produtivo não fazia sentido por aqui. Os “homens livres” dependiam de favores dos “grandes” para subsistir em sua vida social, sendo que a classe do favor marcou a existência nacional e constituiu várias atividades, como a administração, a política, indústria, comércio, as profissões liberais, etc. De fato, a sociedade brasileira não foi formada por uma luta revolucionária entre capitalismo e feudalismo, mas acomodou-se na contradição naturalizada destas incongruências burguesas históricas que levaram à dependência, ao capricho, à universalidade das exceções e ao mérito do parentesco. Roberto DaMatta estilizará a partir daí uma sociedade brasileira dividida, mas inseparável de onde a ambivalência gira em torno da sociologia do indivíduo versus a pessoa (SOUZA, 2001). O indivíduo se insere na prática dos macroprocessos políticos onde o mundo das leis e da impessoalidade impera e o submete; já como pessoa, o brasileiro está no âmbito do cotidiano, da tradição familística, sendo que o relacionamento impera dentro de afinidades de compadrio, amizade, troca de interesses e favores. Os espaços privilegiados se confundem e se chocam constantemente nesta oposição, desaguando no arquétipo da frase “você sabe com quem está falando?”. Se perpetuam as características do “jeitinho” e da “carteirada”, que contaminam as instituições, o modo de fazer política, de cumprir a lei, de educar ou mesmo nas mais variadas situações cotidianas. Em “A Cabeça do Brasileiro”, Alberto Carlos Almeida, exemplifica essa tendência que acaba fragilizando o processo democrático e corroendo a sociedade. Um processo é visto como transitório para uma democracia que é nova, e que através da escolarização se permitirá uma linha de pensamento convergente aos países desenvolvidos. No entanto, há o desafio de alcançar uma enorme massa da população com baixa escolaridade que expressa valores do seu cotidiano e não de uma sociedade democrática e igualitária. Procurando relacionar cultura e personalidade, os resultados permitem afirmar que: onde e quando a maioria da população tem escolaridade e renda muito baixa, encontram-se afastadas das grandes capitais, elas acabam legitimando condutas adversas que até são aprovadas por parte da população (ALMEIDA, 2007). Assim, observa-se que a educação superior é um fator determinante para um pensamento crítico e para mudanças em aspectos relevantes da vida social, como o respeito às leis, maior confiança individual e redução do patrimonialismo. Sua contribuição é fundamental para o processo de rompimento do que chamou de luta de pensamentos entre o arcaico e o moderno.
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