PAUL RICOEUR: A FORMAÇÃO DA IDENTIDADE NARRATIVA A PARTIR DA MIMESE
Palavras-chave:
Personagem. História. Ação.Resumo
O presente trabalho tem por finalidade apresentar o conceito de mímese utilizado por Paul Ricoeur na questão da narrativa presente em sua obra Tempo e Narrativa I. Já no início da obra, Ricoeur cria um paradoxo entre as Confissões de Santo Agostinho e a Poética de Aristóteles acerca do tempo e a teoria do mythos. O mythos é traduzido por Ricoeur como o tecer da intriga que compõe o enredo da história de um personagem. O personagem é o responsável pela iniciativa de uma sequência de fatos no tempo, já que é ele quem determina o começo, o meio e o fim de uma história. Entre a ação e o personagem ocorre uma correlação entre concordância e discordância dos fatos narrados. Segundo Ricoeur, a concordância-discordante possui o papel de colaborar em benefício do personagem naquela ordem temporal em que o mesmo se encontra. Desta maneira, os fatos de tal forma tornam-se importantes para a formação da identidade narrativa do personagem. O agrupamento de fatos que acontecem na vida de cada pessoa fazem parte de uma história que poderá ser contada. Tudo pode transformar-se em narrativa de uma história de vida. Narrar uma história não é somente narrar uma sequência de fatos e ações, mas procurar os significados envolvidos nela. Portanto, a medida que o personagem narra, constrói também sua identidade narrativa, e isso ocorre a partir das três Mímeses descritas por Ricoeur: Mímese I, Mímese II e Mímese III. A Mímese I é definida como pré-figuração, a partir da pré-compreensão do mundo e da ação. A Mímese II dá-se pela interpretação da narrativa, onde ocorre a configuração da ação. Na Mímese III acontece a reconfiguração que é a reflexão acerca do ato de narrar. A partir desses três conceitos de mímese é possível chegar a definição de identidade narrativa, abordada por Paul Ricoeur no final da obra Tempo e Narrativa III.
Referências
AGOSTINHO, Santo. Confissões. Trad. Arnaldo do Espírito Santo/ João Beato / Maria Cristina Pimentel. Edição da Lusosofia. Lisboa, 2001, X, XI. (Conf.)
__________________. De Trinitate. Trad. Arnaldo do Espírito Santo/ João Beato / Maria Cristina Pimentel. Edição da Lusosofia. Prior Velho, 2007, X. (De Trind.)
ARISTÓTELES. Poética. Coleção Os Pensadores. Tradução Eudoro de Souza. São Paulo: Abril Cultural, 1984.
_________________. Ética a Nicômaco. Coleção Os Pensadores. Tradução Leonel Vallandro e Gerd Bornheim. São Paulo: Abril Cultural, 1984.
BARROS, José D’Assunção. Tempo e Narrativa em Paul Ricoeur: considerações sobre o círculo hermenêutico. Fênix - Revista de História e Estudos Culturais, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 1-27, 2012.
CASTRO, Fabio Caprio Leite de (Org.). O Si-mesmo e o Outro: Ensaios sobre Paul Ricoeur. [recurso eletrônico]. Porto Alegre: Editora Fi, 2016.
CESAR, Constança Marcondes. Mythos e História em Paul Ricoeur. Revista Estudos Filosóficos [versão eletrônica], São João del-Rei, n. 13, p.87-94, 2014.
FERNANDES, Sara M. de Matos Roma. Identidade narrativa e identidade pessoal: uma abordagem da filosofia de Paul Ricoeur. Revista Philosophica, Lisboa, p. 75-94, 2008.
GENTIL, Hélio Salles. Narrativas de ficção e existência: contribuições de Paul Ricoeur. In: Viso: Cadernos de estética aplicada, v. IX, n. 17 (jul-dez/2015), p. 166-178.
GUBERT, Paulo Gilberto. Da constituição da identidade narrativa na obra “O si-mesmo como outro” de Ricoeur. Revista Pólemos, Brasília, v. 1, n. 1, 2012.
_____________. Tempo e narrativa - Tomo I. Trad. Constança Marcondes Cezar. Campinas: Papirus, 1994. (TN I)
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Submeto o trabalho apresentado como texto original à Comissão Editorial do XIII SEPE e concordo que os direitos autorais, a ele referente, se torne propriedade do Anais do XIII SEPE da UFFS.