O IMAGINÁRIO CIS: CISGENERIDADE COMPULSÓRIA E SEUS EFEITOS COLONIAIS SOBRE AS IDENTIDADES TRANS*

Autores

  • Emília Braz Universidade Federal da Fronteira Sul

Palavras-chave:

Cisgeneridade, Identidades Trans*, Trans Studies, Descolonização

Resumo

O presente trabalho busca evidenciar como as relações sociais, estabelecidas entre pessoas cisgêneras (cis) e pessoas transgêneras (trans*), são permeadas por ideias ilusórias acerca das identidades de gênero que se constituem fora da lógica binária de gênero. Tentarei evidenciar como a cisgeneridade, enquanto padrão de inteligibilidade social associada a outros recortes, tais como raça e classe social, moldou a forma de se olhar para as construções identitárias trans*. Para tanto, buscarei analisar como as elaborações, tanto da psicologia/psiquiatria quanto do feminismo radical (radfem), tendem a essencializar e biologizar as identidades e os corpos, excluindo aqueles que não sejam hegemônicos. Pretendo desenvolver meus argumentos aqui defendidos através de uma revisão crítica da literatura dos manuais psicológicos/psiquiátricos e de referência para o radfem. Tentarei elaborar minhas ideias de acordo com as teorias pós-colonial e decolonial, pensando qual lugar ocupamos enquanto o Outro, assim como com o apoio dos estudos trans* (trans* studies) e da teoria queer, levando em consideração seus apontamentos sobre identidades e sexualidades não normativas. No decorrer do texto, tento caracterizar a cisgeneridade compulsória como fator fundante das perspectivas que as literaturas anteriormente citadas tem como ponto de partida, relacionando-a a outras categorias coloniais, tais como a binariedade homem e mulher e o olhar exotificante do pesquisador/pessoa cis. Com isso, pretendo questionar os status de normalidade/anormalidade e saúde/doença aos quais as pessoas trans* estão constantemente ligadas, resultando em um imaginário ciscêntrico sobre o que são as transidentidades e quem são (ou podem ser) as pessoas identificadas enquanto travestis, transexuais ou transgêneros. Para finalizar, busco elencar alguns exemplos de pessoas trans* que tem se comprometido em denunciar as violências cistêmicas. Trago suas contribuições para o desenvolvimento de uma teoria da margem, privilegiando principalmente os esforços de se constituir o conceito de cisgeneridade como uma ferramenta de análise. Este trabalho tem como finalidade contribuir com tais esforços, uma vez que considero de extrema importância a relação entre pessoas trans* e produções críticas do cistema.

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Publicado

14-02-2018

Edição

Seção

Campus Chapecó - Projetos de Pesquisa