ALGUNS ASPECTOS CULTURAIS DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Resumo

Um enfoque dos estudos em desenvolvimento no campo interdisciplinar é a relação entre as nuances culturais de uma sociedade e o desenvolvimento econômico. Analisaram-se os textos de Sachs, Grondona, Ilglehart e de Lipset e Lenz do livro “A cultura importa: os valores que definem o progresso humano. Rio de Janeiro: Record. 2002”. Observou-se que os fatores geográficos dos países possuem influência sobre as diferenças no desenvolvimento econômico, as dificuldades dos fatores agrícolas, de saúde e de aparato científico, bem como os sistemas sociais com base no colonialismo, socialismo, escravidão e servidão (pois em Estados onde a lei é respeitada, as pessoas possuam uma mobilidade social alta e as instituições são baseadas no mercado, são mais favoráveis ao desenvolvimento no que nas pré-capitalistas). Aqueles países que antes se industrializaram possuem grandes vantagens. Os sistemas sociais tomam contínuas decisões sobre o investimento orientado à competição e inovações, portanto, existem corpos sociais mais favoráveis ao desenvolvimento. A religião católica romana (pela sua justificação da pobreza) é um obstáculo ao desenvolvimento, em contraste com a corrente protestante analisada por Max Weber (onde a salvação está na transformação “deste” mundo). Já a fé no indivíduo liga o trabalho e a criatividade, para que se favoreça a racionalidade libertadora das crenças na sociedade, conectando os impulsos criadores de riqueza, relacionados com os processos de inovação. Imperativos morais com extremos altruísmos (altos e baixos) são obstáculos, ao passo que o papel da justiça é de se preocupar com o longo prazo das gerações, em países onde os imperativos da lei devem ficar claros e lógicos aos cidadãos, cultivando uma democracia com poderes políticos dispersos. A predisposição da sociedade ao reconhecimento do valor do trabalho, das virtudes menores e a importância da utilidade é importante ao desenvolvimento econômico, bem como a manutenção de uma postura herética alinhada com o ferramental do pensamento científico para que se evite dogmas e lavagens cerebrais. O foco temporal no futuro em contraposição à simples exaltação do passado é fundamental, pois liga-se a uma visão de mundo otimista que se afasta das utopias e mantém o indivíduo como protagonista das mudanças desejadas. Por outro lado, o surgimento de uma sociedade industrial está relacionado com o abandono dos valores tradicionais como resultados de mudanças coerentes nas sociedades. As mudanças sociais sistemáticas, apesar das diferenças religiosas e do progresso técnico, ocorreram em direção à democracia naquelas em que os valores de “auto-expressão” dos indivíduos foram favorecidos, gerando alta confiança social que impulsionou os sucessos na competição global. A corrupção, que utiliza da política e atua no âmbito do Estado, por sua vez, tende a reduzir as taxas de crescimento do PIB, renda per capita, aumentando a pobreza. O desenvolvimento econômico tende a reduzir a corrupção pois aumenta os níveis de democracia. A motivação para a violação das normas é menor onde há acessos mais homogêneos às oportunidades. De igual forma, em sociedades que cultivam o familismo amoral (corrupção como particularismo, lealdade acima do universalismo) tendem a ser propícias a gerarem obstáculos ao desenvolvimento econômico.