MOEDA E DESENVOLVIMENTO REGIONAL: ENSAIOS PARA O RIO GRANDE DO SUL
Palavras-chave:
Crédito. Preferência pela Liquidez. Pós-keynesianismo. Bancos.Resumo
No campo da economia, pouca energia havia sido dispendida na compreensão sobre o relacionamento entre os fatores financeiros e as dinâmicas regionais. Entretanto, a literatura pós-Keynesiana que observa as interações no âmbito regional está em crescente expansão quanto a estas análises, contribuindo com as explicações sobre os motivos do desenvolvimento desigual entre os locais. As Teorias Clássicas da Localização influenciaram esta produção teórica, mais precisamente: a contribuição de Myrdal quanto ao entendimento dos fatores de propulsão e regressão sobre as regiões; as relações Centro-Periferia utilizadas por Lênin como instrumento de análise quanto aos processos de dependência e subordinação; a Teoria do Lugar Central de Christaller sobre as interações das centralidades urbanas. Os estudos regionais pós-Keynesianos consideram em suas análises: a) a criação endógena de moeda pelos bancos via crédito, b) a disponibilidade de moeda de forma regional e desigual como resultado de preferências de posições mais ou menos líquidas pelos bancos e tomadores; c) as diferenças no crescimento e desenvolvimento regional associadas aos fatos anteriores. O objetivo deste trabalho foi discutir a questão da criação e distribuição endógena de moeda via crédito pelos bancos e suas interrelações com o desenvolvimento regional no Rio Grande do Sul, evidenciando a dinâmica de relações Centro-Periferia entre as regiões. Para tanto, empregou-se de metodologia com caráter qualitativo e alcance explorativo/descritivo. Foram utilizados dados secundários dos municípios para o ano de 2013 quanto ao PIB (Produto Interno Bruto), População, Habitantes/Km2, número de Bancos, IDESE (Índice de Desenvolvimento Socioeconômico), Preferência pela Liquidez e Índice Regional de Crédito. Com base nos quesitos PIB e População, criaram-se dois grupos de municípios utilizando a Análise de Grupamentos (Clusters) do tipo hierárquico com o método ward. O cluster denominado Centro foi caracterizado por 11 municípios (Alvorada, Canoas, Caxias do Sul, Gravataí, Novo Hamburgo, Pelotas, Porto Alegre, Rio Grande, Santa Maria, São Leopoldo, Viamão), que representam 39% da população do Estado e 42% do PIB. Já na Periferia constam o restante dos 486 municípios do Estado (61% da população e 58% do PIB). Os resultados mostram que o Centro é caracterizado por alta densidade demográfica em comparação à Periferia; existe alta concentração de localização espacial dos bancos no Centro (para o total de municípios do RS, em até 75% dos municípios constam até 4 agências bancárias); o indicador IDESE mostra-se levemente inferior nos municípios do Centro; em média a Preferência pela Liquidez foi menor nas localidades do Centro e; o Centro possui uma alocação média de crédito representada pelo Índice Regional de Crédito maior em relação aos municípios periféricos. As evidências empíricas corroboraram com a literatura, onde o papel do sistema financeiro quanto à disponibilidade de crédito e Preferência pela Liquidez é fundamental mas opera de forma desigual sobre o território, podendo se associar com padrões desequilibrados de desenvolvimento econômico local. Sugerem-se novos estudos sobre concentração bancária e Preferência pela Liquidez territoriais, empregando métodos crescentemente mais robustos, inclusive alargando a linha temporal de análise, para assim destacar a devida importância que o tema possui dentre os estudos em desenvolvimento regional.
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