O EXERCÍCIO DA TRANSDISCIPLINARIDADE NO VER-SUS OESTE CATARINENSE: UMA PRÁXIS PARTICIPATIVA E DIALÓGICA

Resumo

O projeto “VER-SUS” (Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde) se caracteriza como um dispositivo de reorientação da formação em saúde e de militância estudantil - atitude que vem ganhando força desde os tempos da reforma sanitária quando estudantes lutavam por um sistema de saúde público atento à justiça social do país, além de uma formação em saúde que busque atender as demandas sociais de maneira completa e humanizada. Desse modo, o projeto VER-SUS mostra sua significância ao buscar a inserção de metodologias ativas de ensino-aprendizagem em todo seu contexto, fazendo com que a formação e construção em saúde aconteçam de modo ascendente, transdisciplinar, participativo e dialógico. O objetivo deste trabalho é refletir como graduandos (as) de diversas áreas do conhecimento, na perspectiva da transdisciplinaridade, reorientam a formação na busca da práxis transformadora de suas realidades, utilizando como pilar de discussão a experiência a partir de cinco edições do projeto VER-SUS Oeste Catarinense, sediado em Chapecó-SC e conduzido por estudantes e docentes de três universidades locais: Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó) e Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). O VER-SUS Oeste Catarinense permite aos estudantes participantes conhecer a rede de serviços do SUS na região, a partir de vivências, com olhar voltado à constituição das Redes de Atenção à Saúde, ao trabalho em equipe, a participação popular, o controle social, a militância política e o exercício da cidadania na construção contínua de um sistema de saúde. A partir das diversas estratégias problematizadoras e discussões em grupos realizadas, percebeu-se com as falas dos (as) viventes que, as experiências pelos quais percorrem seus itinerários formativos no que se refere ao trabalho em equipe, geralmente acontecem de maneira isolada, não priorizado, negligenciando as competências relacionais e inerentes a todo profissional para atuação no SUS. Durante as vivências, ao serem apresentados (as) às diversas perspectivas de atuação transdisciplinar nas equipes de saúde e demais serviços, os estudantes percebem as potencialidades de atuar conjuntamente com outros profissionais, onde cada profissional se co-responsabiliza com o aprendizado do outro e o respeita. Nesse contexto, para Freire, “Não há saber mais ou saber menos: Há saberes diferentes”, estampando a limitação dos saberes isolados propostos nos currículos normativos das universidades. A imersão no projeto, com tantos saberes aparentemente distantes, torna positiva a possibilidade da atuação transdisciplinar, permitindo verificar que somente a práxis transdisciplinar avançará em relação ao trabalho isolado. Experiências em dispositivos de reorientação como o VER-SUS Oeste Catarinense são marcantes no sentido da transformação do sujeito em suas competências éticas e políticas, articulando-o em dimensões sociais e humanísticas para a consolidação de sua atuação transdisciplinar.