ADOLESCENTES GRÁVIDAS: A VIVÊNCIA NO ÂMBITO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Resumo

A adolescência é um período da vida caracterizado pelas marcantes mudanças corporais e psicossociais da puberdade. Nesse período o adolescente se vê imerso à novas situações, buscando novos papéis no mundo em que vive, a busca de si mesmo e da identidade adulta. O início da vida sexual também traz implicações no processo reprodutivo e na própria saúde do adolescente. Na ansiedade de viver intensamente suas descobertas sexuais, os adolescentes acabam se precipitando, iniciando suas relações sexuais precocemente, sem conhecimento dos riscos a que estão expostos, como as DSTs, a gravidez precoce e outros fatores que podem interferir em suas metas de vida. Com base na vivência exercida na Unidade Básica de Saúde foi possível verificar que o número de adolescentes que procuravam o serviço com teste de gravidez positivo foi significativamente maior em relação as demais faixas etárias, e que essa gravidez não era desejada. A gravidez nessa idade força esses indivíduos a ingressarem precocemente a vida adulta, redefinindo sua identidade, mudando completamente seu modo de vida e na maioria das vezes sem nenhum preparo psicológico ou orientação. Diante disso, esse estudo objetivou relatar a experiência vivenciada no âmbito da atenção primária à saúde durante as atividades teórico-práticas da assistência prestada para as mulheres no período gravídico. Trata-se de um relato de experiência baseado nas vivencias das acadêmicas da 7ª fase do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) no período de 16 a 25/05/2016 nas atividades desenvolvidas no âmbito da saúde da mulher em um município do oeste catarinense. No decorrer das práticas evidenciou-se um número elevado de adolescentes gestantes (menores de 20 anos). Durante as consultas, foi notório o despreparo dessas meninas frente ao novo papel que assumirão, o de mãe. Instiga-se a reflexão da atuação das equipes de saúde na redução do número de gravidez não planejada. Durante os estágios, as adolescentes foram orientadas sobre a importância do planejamento familiar, do acompanhamento pré-natal, sobre dúvidas advindas com o período gravídico, entre outras ações que foram desenvolvidas. Ressalta-se a atuação do  profissional de saúde, em especial do enfermeiro, em proporcionar condições, possibilidades de escolhas e avaliar a competência da adolescente para tomar decisões relativas à sua saúde, com profissionalismo, interesse e responsabilidade.

Para desenvolver ações resolutivas é preciso conhecer práticas educativas, considerando que é essencial compreender o olhar do outro, interagir com ele e reconstruir coletivamente saberes e práticas cotidianas. A aproximação ideal para intervir junto a adolescente, orientando-a sobre sexualidade, se faz necessário. Trabalhar suas ansiedades relacionadas à iniciação da vida sexual fará com que os mesmos passem a olhar de forma natural as práticas contraceptivas, ressaltando também as consequências de uma gravidez e da maternidade/paternidade nessa fase da vida. Para obter êxito nessas ações é fundamental que os profissionais da atenção primária atuem de maneira transdisciplinar com o ambiente escolar, por exemplo.