Aquicultura nas Terras Indígenas da Cantuquiriguaçu: valorização e diálogos interculturais

Autores

  • Maude Regina de Borba Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Laranjeiras do Sul

Palavras-chave:

Piscicultura, índios, segurança alimentar, peixe, alimento.

Resumo

O Brasil possui uma imensa diversidade étnica e linguística, estando entre as maiores do mundo com aproximadamente 220 povos indígenas. No estado do Paraná, a Terra indígena Rio das Cobras é a maior das comunidades indígenas existentes, sendo constituída por etnias Kaingang e Guarani Mbya. O aumento demográfico em áreas indígenas do Paraná nas últimas décadas, somados ao empobrecimento do solo, poluição dos rios e a diminuição dos recursos naturais, dificultam a sobrevivência destas populações. Para muitos, a atividade artesanal é a única fonte de renda para suprir suas necessidades básicas de alimentação. Inclusive, a Universidade é frequentemente demandada pela comunidade para alavancar projetos de produção de alimentos. Neste sentido, o presente trabalho visa apresentar as ações realizadas pelo programa de extensão universitária “Aquicultura nas Terras Indígenas da Cantuquiriguaçu: Valorização e Diálogos Interculturais”, desenvolvido pela UFFS com recursos financeiros do edital PROEXT 2015 – MEC/SESu, o qual tem por objetivo incluir a piscicultura e contribuir para retomada do consumo de peixes na comunidade indígena, bem como promover a troca de saberes tradicionais e capacitar os índios nas técnicas atuais de criação de peixes. A aproximação com a comunidade se deu por meio das lideranças locais e diversas reuniões com os indígenas para apresentação do projeto e acolhimento de sugestões. Para a criação de peixes, viveiros já existentes foram adequados e reativados, com posterior implantação de um sistema de policultivo com diferentes espécies de peixes de água doce, visando o aproveitamento máximo do alimento natural existente no ambiente de cultivo. Também foi efetuado o fornecimento de ração comercial extrusada, sendo a alimentação dos peixes com ração realizada diariamente pelos próprios indígenas. Problemas foram enfrentados em alguns viveiros, acarretando em despesca precoce dos peixes, mas, no viveiro sede o cultivo vem sendo desenvolvido com sucesso e o seu encerramento ocorrerá no mês de outubro próximo, em evento festivo para comemoração do dia da padroeira da comunidade indígena. Paralelamente aos cultivos, foi preparado material didático para capacitações em piscicultura de estudantes do ensino médio de dois Colégios Estaduais Indígenas. O planejamento e execução destas aulas envolveu acadêmicos do curso de graduação em Engenharia de Aquicultura, campus laranjeiras do Sul-PR, orientados por professores. Uma cartilha com istruções básicas relativas as boas práticas no cultivo de peixes em viveiros também está sendo elaborada para disponibilização aos indígenas. Cabe destacar que a experiência vivenciada pela equipe junto aos indígenas vem proporcionando diálogos e as práticas oriundas desse intercâmbio de saberes contribuem na formação profissional dos estudantes envolvidos no programa.

Biografia do Autor

  • Maude Regina de Borba, Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Laranjeiras do Sul
    Graduada em Agronomia, com mestrado, doutorado e pós-doutorado em Aquicultura. Desenvolve projetos de pesquisa e extensão na área de aquicultura, com ênfase em nutrição e alimentação de organismos aquáticos de interesse aquícola. Desde agosto de 2010 é professora na Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Laranjeiras do Sul-PR, atuando junto aos cursos de Eng. de Aquicultura e do Mestrado em Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável, ministrando aulas e orientando alunos de graduação e pós-graduação.

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Publicado

23-02-2017

Edição

Seção

Campus Laranjeiras do Sul - Projetos de Extensão e Cultura