AS PERCEPÇÕES DE SER FACILITADOR NO VERSUS OESTE CATARINENSE: DESAFIOS PARA O RESPEITO TRANSDISCIPLINAR AOS SABERES DE TODOS(AS)

Resumo

No Brasil, até final da década de 80, os atendimentos e serviços de saúde eram majoritariamente privados, impossibilitando que a maior parcela populacional tivesse acesso à saúde. No entanto, em 1988 começou a surgir - a partir de movimentos populares e lutas sociais, as bases de criação do Sistema Único de Saúde brasileiro (SUS), possibilitando à maioria da população o acesso à saúde, mediante políticas públicas estabelecidas. Desde então, muitas ações foram desenvolvidas em todo o território nacional buscando consolidar o SUS e promover a formação em saúde em uma perspectiva de qualidade, equidade, integralidade e participação social. Dentre os dispositivos propostos pelo Ministério da Saúde para tal fim, encontra-se o Projeto Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde (VER-SUS/Brasil), que surgiu na intenção de estimular a formação de trabalhadores para o SUS, comprometidos eticamente com seus princípios e diretrizes e que se entendam como atores e agentes políticos transformadores da realidade. Este trabalho, portanto, trata-se de um relato de experiência protagonizado na 5ª edição do projeto VER-SUS Oeste Catarinense, a partir da segunda participação do relator nesse projeto – primeiramente como Vivente e atualmente como Facilitador (a) de um grupo multiprofissional. A 5ª edição do projeto foi marcada pelo tema central intitulado “Política, Cidadania e Cultura: Respeito às diversidades” e contou com cerca de 80 estudantes de diferentes áreas do conhecimento, dos três estados do sul brasileiro. Como facilitador, trabalhando sobre o tema da Saúde do Trabalhador em um grupo multiprofissional com acadêmicos de Enfermagem, Odontologia, Terapia ocupacional, psicologia e Fisioterapia, emergiu primeiramente um sentimento inquietante e desafiador, atrelado à responsabilidade de tornar-se o líder e a referência do grupo, pois enquanto facilitador é preciso assumir a função de propor indagações que consigam gerar reflexões no grupo, unindo as pluralidades de opiniões, além de oferecer suporte teórico e auxílio na compreensão de questões que vão surgindo ao longo da imersão no projeto. Com as vivências realizadas, pôde-se compreender como a saúde do trabalhador está sendo abordada nos diversos espaços e serviços de saúde e o quanto é importante e fundamental trabalhar esse tema de maneira transdisciplinar, e nesse contexto, o facilitador tem a oportunidade de despertar nos participantes uma aprendizagem ativa, fugindo da tradicional abordagem bancária tão presente nos espaços universitários, buscando um “novo olhar” para o SUS. Refletir sobre os desafios e a realidade que se encontra o SUS hoje é uma tarefa complexa que exige uma postura ética e crítica, mas que, ao se concretizar, promove uma formação em saúde de qualidade, com um olhar mais ampliado e problematizador para a realidade. Conclui-se que a possibilidade de ser Facilitador em dispositivos formativos como o VER-SUS, amplia as possibilidades de formação crítico-reflexiva dos(as) acadêmicos(as), ao passo que instiga a necessária e ainda rara consciência solidária de que o aprendizado do outro é tão importante quanto o seu próprio conhecimento. Indica-se, por conseguinte, para os itinerários formativos em saúde atentarem para espaços e iniciativas como esta, para que possam ser incorporados nos currículos.