A DINÂMICA DE ORGANIZAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO NOS QUIOSQUES MISSIONEIROS

Autores

  • Kaliton Prestes Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Cerro Largo
  • Evandro Pedro Schneider Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Cerro Largo

Palavras-chave:

Desenvolvimento, Território, Venda direta, Associativismo

Resumo

Este trabalho descreve a dinâmica de organização e comercialização nos Quiosques da agricultura familiar missioneira. Onze estabelecimentos construídos à margem das rodovias estaduais e federais no Território Rural das Missões, no Estado do Rio Grande do Sul, com recursos da Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT/MDA) implementados a partir do ano de 2003. Estes estabelecimentos, geridos por cooperativas e associações de agricultores familiares e artesãos do território constituem uma rede de produção e comércio de produtos agrícolas. A estratégia de venda direta ao consumidor através de pontos de comercialização situados às margens das rodovias e realizada diretamente por produtores rurais, apesar de reconhecida em outras regiões não faz parte da tradição missioneira, sendo necessária uma avaliação criteriosa desta política exógena de desenvolvimento territorial. Foi realizada uma pesquisa qualitativa de caráter descritiva, a coleta de dados ocorreu através de pesquisa documental e entrevistas com auxílio de um questionário semiestruturado. O público entrevistado centrou-se nos agentes públicos que construíram a proposta, com os gestores das cooperativas e com os agricultores participantes. A política pública territorial construída no Território Missões, através dos quiosques de comercialização dos produtos da agricultura familiar, demonstrou capacidade de articular produtores rurais e artesãos, que antes excluídos da dinâmica de desenvolvimento calcada na produção de commodities agrícolas, agora ingressam em uma estratégia rentável de produção e comercialização de alimentos, através das cooperativas e associações. As entidades constituídas pelos agricultores familiares realizam a gestão da comercialização dos quiosques, e algumas delas, fortalecidas criaram autonomia para organizar o fornecimento de produtos para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAES), organizar as feiras livres, construir estruturas de agroindústrias e equipá-las, com experiência inclusive de fornecimento de alimentação para a Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Cerro Largo, ingressando em novos circuitos de comercialização. Tornaram-se sujeitos com maior importância política dentro dos municípios e do território onde o ponto de comercialização supera sua importância stricto sensu da venda direta dos produtos da agricultura familiar, mas estabeleceu um elemento novo no arranjo produtivo através da organização dos produtores, da percepção das demandas de qualificação dos produtos e da necessidade de participação ativa na construção do ambiente político em que se encontram. Constatou-se que alguns quiosques do território passaram por períodos inoperantes e com dificuldades relacionadas à gestão social, adequação à legislação, falta de assistência técnica e a ausência do setor público em questões importantes de infraestrutura. O comércio centrado na venda para o público circulante nas rodovias viabiliza a retenção de recursos para as comunidades locais auxiliando de forma significativa os municípios que contam com uma população consumidora restrita, no entanto, como o comércio ocorre especialmente com o público viajante e às margens das rodovias o reconhecimento da sua importância pelo poder público municipal e população local, se mostra como limitante para o progresso de algumas experiências. A venda direta realizada nos quiosques, reforçam a ligação entre consumidor e produtor, favorecendo a diversidade de características intrínsecas aos produtos coloniais e artesanais.

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Publicado

24-11-2016

Edição

Seção

Campus Cerro Largo - Projetos de Pesquisa