ÓBITOS MATERNOS DE MULHERES EM IDADE FÉRTIL SEGUNDO O TIPO DE CAUSA OBSTÉTRICA NAS REGIÕES BRASILEIRAS
Resumo
Os óbitos maternos podem desencadear-se pelas diferentes formas de intervenção obstétrica no qual ocorre em difusas tipologias sendo essas denominadas como: morte materna obstétrica direta, obstétrica indireta e obstétrica não especificada. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a morte materna obstétrica direta é aquela que ocorre por complicações obstétricas na gravidez, parto e puerpério, devido a intervenções, omissões, tratamento incorreto ou a uma cadeia de eventos resultantes de qualquer dessas causas. A morte materna obstétrica indireta é aquela resultante de doenças existentes antes da gravidez ou que se desenvolveu durante a gravidez, que foram agravadas pelo efeito fisiológico da gravidez. Por sua vez a morte materna não especificada corresponde às mortes sem uma causa pré-definida ou concretamente estabelecida. Esse indicador remete a necessidade de investimentos em soluções comprovadas para a saúde feminina, como o cuidado de qualidade durante a gravidez e o parto e uma atenção redobrada para grávidas com problemas médicos preexistentes. A morte materna de mulheres em idade fértil (15 a 49 anos) configura um problema social que ocorre em escala global, porém as regiões pobres são as mais atingidas. Com base no exposto, este estudo teve por objetivo identificar óbitos maternos de mulheres em idade fértil segundo o tipo de causa obstétrica nas regiões brasileiras. Trata-se de um estudo ecológico, descritivo, quantitativo elaborado por meio das informações registradas no Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) disponível no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), acessadas pelo endereço eletrônico www.datasus.gov.br, entre o período de 2004 a 2014, em âmbito nacional. Foram selecionados esses períodos por se tratar do primeiro e o último ano disponível no sistema, respectivamente. Foi possível observar maior incidência de óbitos maternos por causas obstétricas indiretas 38.964 (74,6%) seguido das causas diretas 12.662 (24,2%) e não especificada 568 (1,0%). No primeiro grupo de causas, destacaram-se as regiões Sudeste e Sul (18.123 e 7.969, respectivamente) seguida das regiões Nordeste (7.513), Norte (2.871) e Centro-Oeste (2.488). Já no grupo das causas diretas os óbitos foram mais prevalentes nas regiões Nordeste (4.584) e Sudeste (4.135) seguido das regiões Norte (1.689), Sul (1.297) e Centro-Oeste (957). Por fim, a causa de morte materna obstétrica não especificada foi mais prevalente no Nordeste (197), Sudeste (172), Sul (117), Norte (57) e Centro-Oeste (25). A elevada incidência de óbitos maternos por causas obstétricas indiretas revelam a importância de um acompanhamento regular de saúde uma vez que correspondem aos óbitos por hipertensão pré-existente, doenças cardíacas, desnutrição na gravidez, doenças infecciosas, anemia, AIDS, entre outras. Ao observar uma redução no número de óbitos por causas obstétricas diretas podemos inferir uma melhora no atendimento prestado à saúde da mulher durante o período reprodutivo, como melhor acesso ao acompanhamento do pré-natal, exames laboratoriais e atendimento especializado ao parto. De modo geral, os menores índices de mortalidade estão nas regiões mais desenvolvidos, enquanto que os piores estão nas regiões mais pobres, especialmente nos municípios das regiões Norte e Nordeste, considerando a proporção populacional de cada região e a ausência de notificações nessas regiões.Downloads
Publicado
23-11-2016
Edição
Seção
Campus Chapecó - Projetos de Pesquisa
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